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Hagamenon Brito: a aventura de ser um grande puto pintola

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2015 às 02:38

 - Atualizado há 3 anos

Não há nada melhor neste mundo de Deus  - sim, do meu Deus de coração (im)perfeito - do que ser menino, do que ser um puto pintola, como diria um angolano ao elogiar um garoto estiloso, bonito. De preferência, não há nada melhor do que ser um puto de 10 anos, feliz e radiante de energia. Um pigmeu furioso que, empunhando uma espada e escudo medievais de madeira, enfrenta adversários invisíveis horas a fio e desafia a lógica dos adultos.

Um Kid Capeta que se atira aos braços da mãe e pede denguinho na hora de dormir, não sem antes correr em alta velocidade com seu carrão na telinha do celular. Um bichinho de nuca suada e cabelo grande, com surpresa e curiosidade nos olhos, que nem sempre quer saber de tomar  banho, um beijoqueiro de papais e mamães e tios que gosta de assobiar, mas não sabe fazê-lo bem.

Digas, conheces ou tens um menino assim? Não é um espetáculo da natureza, com sua força ainda incontrolável? Com sua risada de anjo e humor de futuro ser irônico? Quando um menino é bom, é mesmo por bondade. E, mesmo aí, há que se louvar os instantes de desobediência que todo pestinha deve ter. Como o Vesúvio, um puto é mais o próprio vulcão do que meramente vulcânico.

Um menino é alguém difícil de obrigar. Melhor dialogar bem, aconselho. Caso contrário, um garoto pode ser um chefe contrariado, um extremista pequenote que quer e não pode por uma simples razão: porque não o deixam. As coisas que um puto mais quer na vida são amor verdadeiro e dinamites de entusiasmo. Feliz de quem tem um menino assim na vida, para cuidar e velar pelo seu sono inocente, para sentir-se um pouco Deus.

O problema de autoridade, quando ocorre ou existe, acaba por resolver-se, desde que jamais traias a confiança do menino. O mal é que os meninos se fazem rapazes - e surgem as dúvidas existenciais, as diferenças, as angústias, os sentidos da realidade e tudo o mais da vida racional, chata. Os putos pintolas perdem-se no que se tornam. O mundo precisa de homens.

A verdade é que não há um homem tão corajoso como um garoto. Comparados com os meninos, nós, homens feitos, somos umas meninas. E um puto pintola tem mesmo medo, até mesmo do fantasma do velho português Joaquim que mora no closet. Tem pesadelos. Tem pouca informação ainda, mesmo aquele que quer saber tudo sobre o seu ídolo maior no futebol Cristiano Ronaldo. E, mesmo assim, ele morde o lábio, agarra o cabo da espada e avança.

Em cima da almofada no sofá ou do travesseiro na hora de dormir, a cabeça de um menino é um mundo só dele, sozinho. Tentando não dormir, ou já sonhando, a cabeça de um menino está cheia como nunca mais na vida há de estar - de games, de bolas e chuteiras, de piratas e cavaleiros medievais, gatos e cachorros, leopardos e bichos papões... Uma cabeça tão cheia como o coração a bater por baixo do pijama azul de ursinho. Cheia sem espaço, cheia sem vazio. E igual ao coração, igualzinha ao coração.  ***

Quer o destino que eu creia no destino. Quer o amor que eu creia no amor. Quer a canção que eu creia na verdade indubitável do amor incondicional. Quer esse sentimento que eu creia no afeto que deixa o coração em estado de graça. Carinho assim é disciplina, é sorte, é embalar o menino Deus black em seu sono em Portugal.