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Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2016 às 08:38
- Atualizado há 3 anos
Difícil imaginar que é possível sair ganhando após perder uma final de estadual em casa para o maior rival, mas foi isso que também aconteceu com o Bahia na decisão do Campeonato Baiano. Embora “ganhando” não seja exatamente o caso, o cenário tricolor pós Ba-Vi é melhor do que era antes do clássico decisivo.Jogadores sem atitude, técnico previsível e repetitivo, diretoria focada mais no marketing do que no futebol, time e torcida distantes um do outro. Tudo isso formava a imagem do Bahia – não necessariamente verdadeira, nem propriamente falsa, mas a imagem - antes da bolar rolar domingo, na Fonte Nova.Não forma mais. Muito pelo pênalti não marcado do árbitro gaúcho Leandro Vuaden, que somado ao pênalti mal assinalado pelo conterrâneo Anderson Daronco dão aos tricolores motivo de sobra para protestar. Porém, mais ainda pela maneira que o time do Bahia se comportou em campo.O Bahia “vencido em vibração”, como intitulamos a reportagem da terça-feira seguinte à derrota por 2x0 no Barradão baseada em declarações de Lima, Doriva e Hernane, deu lugar a um time que honrou não só o verso em questão, mas todo o vibrante hino composto por Adroaldo Ribeiro Costa.O técnico Doriva passou longe do que se pode chamar de previsível. Alterou o esquema para um 4-4-2 que fora de campo parecia acéfalo, mas no jogo mostrou-se inteligente o suficiente para embaralhar a marcação do Vitória e dar trabalho ao goleiro Caíque, aos zagueiros Ramon e Victor Ramos e, sobretudo, aos laterais José Welison e Diego Renan, que além de não conseguirem atacar, sofreram com as bolas nas costas. Vagner Mancini, sempre elogiado pelos críticos (merecidamente), viu Doriva colocá-lo no bolso. E o Ba-Vi dissipou o zum-zum-zum em torno da permanência ou não do treinador caso perdesse o título.Embora não tenha ficado com a taça, e é isso que entra para a história, o Bahia ganhou o Ba-Vi na bola e na raça, como todo time deve fazer em um clássico. E foi exatamente isso que deu à derrota um saldo positivo: time e torcida encantaram-se novamente um pelo outro. Uniram-se na dor, num reconhecimento e orgulho por parte do torcedor muito raros de se ver no futebol brasileiro após a perda de um título, ainda mais para o rival, e em casa. O mesmo apito que decretou o fim da luta no gramado também deu início a um show coletivo na arquibancada que tinha o objetivo de passar uma mensagem da torcida para os jogadores: “vocês não conseguiram, mas nos representaram”.A última vez que lembro da torcida do Bahia fazer algo tão marcante e inovador foi na Série B de 2010, quando os tricolores rezaram o Pai Nosso nas arquibancadas de Pituaçu, durante um jogo contra o Guaratinguetá. Aquele gesto de fé seguiu firme até o fim da campanha, quando o time conseguiu voltar à primeira divisão nacional após sete anos de sofrimento. Se o exemplo de domingo – da atitude dos jogadores e da parceria da torcida – se estender até novembro, o Bahia tem tudo para superar as limitações do elenco e garantir o mesmo final feliz de seis anos atrás.ADEUS, ESTADUALAmanhã começa a Série B, e sábado a Série A. Tricolores e rubro-negros sofrerão mais vezes, muitas talvez. Mas chegar ao fim do estadual deste ano vivo é tirar um peso imenso das costas. O Campeonato Baiano foi ruim do início ao fim, desde a inscrição do Galícia às vésperas do início do torneio, passando pelos times ciganos no interior, a polêmica de Victor Ramos que ainda não terminou, até as finais com erros grotescos da arbitragem e apenas 20 mil pagantes no Barradão e na Fonte Nova.>