Herbem Gramacho: O prazer de jogar futebol

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  • Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 05:00

- Atualizado há um ano

Terça, 21h30, pontualmente. Inicialmente no Twitter e em um grupo de WhatsApp usado para pensar e debater as fórmulas de alcançar a democracia no Bahia, quando ainda era necessário brigar por isso. De lá seguiu do campo virtual para o society, onde a felicidade é plena.Baba qualidade. Reforçado por talento não aproveitado pelo Real Salvador, ex-dono de time no finado (e saudoso) Baneb e por ex-cantor de pagode que trocou a nata do samba pela nata da bola. Mensalista que leva convidado pereba ouve logo a pergunta: “Quem trouxe?”.O convite chegou até mim e aceitei de bate-pronto. “Gosto quando tem pressão. É o que me move”. Antes da estreia, aspas fortes para ganhar a torcida e as capas de jornal.Chegamos à palavra-chave: Jornal. Inicial maiúscula quando não se refere a este nobre papel acinzentado que distribui informação todo santo dia - pois todo dia é santo. Jornal é o nome do cara, e aqui caberia até um C maiúsculo.Fundador do baba, ele não joga só por ser o dono da bola. É a mola mestra, se é que ainda se usa tal expressão. Jornal nunca está à frente da linha da bola porque o time só avança à medida que a bola passa por ele. O time segue seu tempo, enquanto ele dita se o ataque será pela direita, pela esquerda ou centralizado e dá opção de passe, como se fosse um imaginário Xavi.Jornal botou a panela dele: linha de quatro compactada no meio, ataque em bloco, bola de pé em pé. Todos esses conceitos táticos o time azul tinha. Só não tinha Hugano, o imponente. Ganha no alto, na antecipação e faz a diferença mesmo é na postura. Porte de Titi, canhota ainda melhor, centroavante quando o vê dá boa noite, abaixa a cabeça e pede licença. É o capitão sem braçadeira, por honra e mérito.Pois então. Botei Hugano, guardei minha esquerda nos dois primeiros babas para não tomar bola nas costas. Situação sob controle, entrosamento garantido, chamei o colunista de sábado para tabelar. Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência (CARDOSO, Gentil). Xumi entendeu no olhar. Desloquei-me, recebi, passou, devolvi. Na marcação, Jornal fez papel de zagueiro Gustavo, perdido no um-dois. Tá-tá-tum, a jogada fluiu até encontrar o filó.Naquele momento, os dois convidados estavam aprovados. Jornal, nosso anfitrião, tomou o gol, mas ficou bem, salvo da temível pergunta recorrente quando o conviva não convence.Na resenha, certamente vão dizer que há uma dose de  floreio na narração, o que não deixa de ser verdade. É que o prazer do jogo tem efeito duradouro. E como é bom o futebol jogado com prazer.TRISTE REALIDADE  Do quase sonho para a realidade. Amanhã acontece a eleição à presidência da Fifa, e a CBF, até então ao lado do suíço Gianni Infantino, que representa o bloco europeu, cogita mudar seu voto para o xeque Salman Al-Khalifa, do Bahrein.Trocar de voto é absolutamente compreensivo e legítimo, pelo menos quando há alguma discordância de pensamento em relação ao candidato. O que não parece ser o caso da CBF. Segundo Jamil Chade, repórter do Estado de S.Paulo que melhor tem acompanhado a crise da Fifa desde o início, a motivação da entidade é estar “do lado do vencedor”.Atual presidente da Confederação Asiática, o xeque teria o apoio não só da Ásia como também do bloco africano. Uma reunião na sede da Conmebol, hoje, vai definir o rumo dos sul-americanos na eleição de amanhã. Como se vê, eles não estão nem aí para o esporte. O que está em jogo é somente poder.

*Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.