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Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 12:55
- Atualizado há um ano
“Clássico não tem favorito”. Combinando com o tema, a frase que nega favoritismo no confronto direto entre rivais é clássica e sempre aparece em semana de Ba-Vi. O jogo de domingo, no entanto, requer uma adaptação.
O próximo Ba-Vi tem favorito, sim, e é o Bahia. Apresenta um time melhor, mais entrosado e jogará em casa, o que no cenário de torcida única tem ainda mais relevância. Está na Série A, enquanto o rival caiu para a B, e a previsão de orçamento em 2019 é o triplo da do Vitória, uma distância muito grande para rivais da mesma cidade. Resta acrescentar um porém: favoritismo não basta. Não ganha e nunca ganhou jogo.
O Bahia é favorito porque o futebol baiano vive, de dois ou três anos para cá, um momento de crescimento de um dos seus principais clubes e retração do outro. Os dois acontecimentos simultâneos construíram o quadro atual.
A torcida tricolor tem um quê de megalomaníaca, mas a euforia dos últimos meses é amparada na realidade. Ela vê seu clube jogar de igual para igual contra os melhores do país, disputar competições internacionais, aumentar o quadro de sócios, fazer ações de marketing impactantes. Em resumo, crescer.
O Bahia de hoje sonha, projeta e vê muita coisa melhorar, como o Vitória do final dos anos 90 sonhava, projetava e vivenciava. Passo a passo, resgata sua grandeza que foi interrompida por más administrações no clube, culminada com boas gestões no rival, o que inverteu a hegemonia tricolor que prevalecia nos anos 70 e 80.
Do outro lado, a torcida rubro-negra não gostaria de acreditar nisso, mas o Vitória tem se aproximado do que o Bahia foi na década passada. O conjunto da obra inclui erros elevados na montagem do elenco a cada ano, dinheiro mal gasto, promessas não cumpridas, além de ações que expõem um planejamento falho, como a contratação de Petkovic para múltiplas funções - na gestão de Ivã de Almeida - e o fim do time sub-23 uma semana depois do presidente Ricardo David afirmar que se tratava do maior acerto em seu primeiro ano de mandato. O sentimento continua, mas a realidade joga contra.
Estendi a prosa para contextualizar por que o tricolor chega como favorito ao primeiro Ba-Vi da temporada. Mas o favoritismo faz mais diferença para ganhar um campeonato do que um jogo. É a médio prazo que a diferença entre as boas administrações do Bahia e as más do Vitória se faz notar claramente.
Na realidade dos 90 minutos e com 11 de cada lado, o peso pode ser menor. Na adrenalina do clássico, um time mais aguerrido pode superar um mais talentoso, a estratégia de Chamusca pode dar um nó na cabeça de Enderson e uma cobrança de falta ou uma expulsão pode determinar o rumo da partida. Detalhes são fundamentais.
Hoje, o Bahia é mais forte que o Vitória, mas não ganhará por favoritismo, e sim se jogar com o alto grau de intensidade e concentração que um Ba-Vi exige. Para o técnico rubro-negro Marcelo Chamusca, que começou a montar o time do Leão há apenas um mês, o clássico será parte importante da maturação do elenco, mais até do que o resultado. Ele terá uma chance que ainda não teve de conhecer melhor seus jogadores quando submetidos a situações de pressão.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.