Ivan Dias Marques: A volta de quem deveria ficar na sua

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 05:00

- Atualizado há um ano

Toda decisão - e toda opinião - possui dois lados: o racional e o sentimental. Pelo segundo, a luta entre Royce Gracie, 49 anos, e Ken Shamrock, 52, que acontece hoje pelo Bellator 149, tem todo o sabor de saudosismo. São quase 21 anos desde que os dois se enfrentaram, numa época em que MMA nem existia, era Vale Tudo mesmo.É humano, é normal acreditarmos que o tempo que passou foi melhor que o atual. Partimos dessa premissa, muitas vezes, porque ficamos só com o registro visual dos acontecimentos. Se houve dor, passou. E, se ficou, é um sentimento presente e não do passado. Para Royce e Ken, o sentimento pode ter pesado também. Apesar da maioria dos lutadores antigos, vez ou outra, criticar o “excesso” de regras atuais, todos eles dariam qualquer coisa para estar vivendo no mundo atual do MMA. Reconhecimento de mídia, patrocínio de grandes empresas e bolsas que, se ainda estão longe das do boxe, são bem mais recheadas do que as de duas décadas atrás.Apesar da pequena guerrinha de declarações, da rivalidade, a grana oferecida pelo Bellator e a volta aos holofotes com certeza pesaram mais que um simples acerto de contas. Principalmente por parte do brasileiro, que venceu a primeira luta, pelo UFC 1, e empatou a segunda, pelo UFC 5, em combate de round único de 36 minutos - um recorde.No entanto, pelo lado racional, o combate é patético. Royce e Ken têm seus lugares no Hall da Fama do esporte e não precisam se provar para ninguém. Nem mesmo um para o outro. São dois senhores com cerca de cinco décadas de vida, mais de quatro delas dedicadas ao esporte.Nenhum dos dois vai disputar cinturão ou mudar rumos da organização ganhando ou perdendo. A luta é, simplesmente, um espetáculo descartável que não condiz com o caráter da maioria da arte marcial que preza pela sapiência com o passar dos anos. Royce e Ken possuem uma função muito mais importante na transmissão de valores corretos do esporte, como embaixadores de suas modalidades. Como verdadeiros mestres.Eu, sinceramente, apesar de saber que os dois se cuidam em relação à saúde, fico com receio de que um dos dois tenha algum problema médico no meio do cage. Ken, desde que foi nocauteado pela primeira vez, em 2000, pelo japonês Kazuyuki Fujita, perdeu 11 das 15 lutas que disputou, tomando dez nocautes ou nocautes técnicos. Demais, né? Já Royce segurou sua onda, parou na hora certa, mas também não devia ter voltado. Sempre se cuidou. Temo menos pela saúde do brasileiro.Invariavelmente, a luta deve ser um sucesso e o sonho de muitos fãs de uma categoria “máster” do MMA fica cada vez mais próximo. Até que alguém morra e choque o mundo das lutas. Esse, infelizmente, é um pensamento racional. E a razão costuma vencer a emoção. BASQUETEDuas notícias tristes sobre jogadores brasileiros da NBA esta semana. Primeiro, a cirurgia no quadril que vai tirar Tiago Splitter dos Jogos do Rio-2016. O pivô era fundamental para as pretensões do técnico Rúben Magnano e, se não houver uma atuação surpreendente de um novo pivô durante os treinamentos, nossas chances de medalha diminuem bastante. Além do mais, Splitter não merecia. Nunca recusou uma convocação.A outra foi a saída de Anderson Varejão do Cleveland Cavaliers. No lado emocional, mexe mais. Afinal, 12 anos na franquia não é pouco. Espero que, no lado esportivo, ele possa ter mais minutos em quadra e chegar mais preparado para a Olimpíada.

*Ivan Dias Marques é subeditor e escreve às sextas-feiras.