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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Quanto ao propósito, a publicidade tem a missão de informar, cooptar, convencer, obter apoio, suporte e colaboração. Tudo isso para cumprir tarefas de utilidade pública, informação e até institucional, que construa a maior unidade possível de visão e posição sobre um determinado ponto de vista, gerando um processo de "comunhão social", que estabelece as comunidades de interesse da sociedade.>
Com inteligência, pois não se pode esquecer que a publicidade vai procurar se comunicar com pessoas sobrecarregadas de estímulos, cheia de problemas pessoais, familiares e profissionais para cuidar e que oscilam entre a apatia e a hostilidade em relação à comunicação pública.>
Com estratégia, porque a missão a cumprir sempre será bem maior que os recursos disponíveis, que sempre serão sempre escassos em termos relativos e absolutos>
E com qualidade porque a publicidade pública não irá competir com outras eventuais mensagens do gênero, mas com o melhor que toda a publicidade estará fazendo no momento de sua veiculação.>
Bem feita, a publicidade é com toda a certeza um dos mais eficientes e eficazes instrumentos de gestão pública.>
Com o fenômeno das mídias sociais, porém, não são poucos os dirigentes públicos, de todos os poderes e níveis da federação, que passaram a acreditar na possibilidade de estabelecer comunicação direta com a população.>
Isso é ainda mais preocupante no caso dos que foram eleitos com um uso intenso dos recursos da internet, caso do pioneiro Obama, de Trump e Bolsonaro.>
Todos correm o risco de minimizar o papel da imprensa em geral e da publicidade em particular, o que prejudica sua capacidade de gestão das expectativas e suporte da população quem têm a missão de governar e liderar.>
Obama soube administrar bem sua relação com a imprensa, mas não utilizou os recursos da publicidade como deveria. Trump não dá bola nem para um caso, nem para outro, e Bolsonaro vem seguindo a mesma linha. Ele e a grande maioria dos dirigentes de estados e municípios brasileiros, aliás.>
O que todos esquecem é o fato de que nas mídias sociais eles falam para seus grupos mais próximos de admiradores e defensores, não com o conjunto da população e seus principais segmentos, com os quais têm a obrigação funcional de se comunicarem.>
Além de tudo, é essencial manter o engajamento e elã de seus defensores e dos que lhes suportam, de modo a conquistar e não perder entusiastas.>
Não é por outra razão que as marcas mais conhecidas e poderosas do mundo são justamente aquelas que mais anunciam, o tempo todo e em todas as mídias.>
Dois exemplos práticos recentes são as marcas de alto consumo, que andaram apostando muito nas alternativas digitais; e as empresas de tecnologia, algumas, como Google e Facebook, que inclusive têm se beneficiado da expansão do uso da comunicação digital.>
As primeiras, as marcas de consumo, já constataram que erraram em abandonar a publicidade e as mídias tradicionais e estão fazendo o caminho de volta.>
As segundas, as empresas digitais, descobriram que só conseguem superar as barreiras de seus consumidores mais entusiasmados, bem como captar clientes de seus concorrentes, se empregarem os meios de maior alcance, como a TV; tanto que têm aumentado muito os recursos aplicados e estão hoje entre os maiores investidores neste meio.>
Adicionalmente, no caso brasileiro, onde o mercado publicitário conta com um volume ainda relativamente baixo, a publicidade pública tem a função de ajudar a gerar recursos para os meios de comunicação, essenciais para a defesa da democracia, da livre iniciativa e da informação, cultura e entretenimento públicos.>