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Nelson Cadena
Publicado em 8 de abril de 2021 às 05:25
- Atualizado há 2 anos
Registrada com esse nome, se houvesse uma sigla seria AIB, a entidade que precedeu a Associação Baiana de Imprensa-ABI, teve vida curta, não completou dois anos de existência. Fundada em setembro de 1913, foi a nossa primeira entidade de classe organizada, com um programa, estatutos e alguns eventos realizados. Antes, 1905, existiu o Círculo dos Repórteres, certamente que inspirado no Círculo dos Repórteres do Rio de Janeiro, sobre a qual Gustavo de Lacerda, fundador da Associação Brasileira de Imprensa, moribundo, confidenciou a amigos: “Aquilo era apenas uma Casa de Jogo”. O Círculo da Bahia, não prosperou.>
Quando da fundação da Associação de Imprensa da Bahia, já funcionava no país a Associação Brasileira de Imprensa, fundada em 7 de abril de 1908, data de referência do Dia do Jornalista, celebrado na quarta-feira. Só tinha dívidas, praticamente nenhuma realização, muitas brigas internas e até lhe faltou numerário para pagar o funeral de Gustavo de Lacerda, que morreu na miséria e foi sepultado em cova rasa.>
A entidade baiana foi iniciativa de Virgílio de Lemos, ex-diretor do Diário de Notícias, Diário do Povo, do República Federal e, na época da fundação da Associação, era diretor de O Estado e recém concluíra o seu mandato no Senado Estadual. Participaram das articulações, através de comissão constituída para redigir os estatutos, formar um grupo de associados e organizar a fundação da entidade: Henrique Câncio, de A Tarde; Lemos Brito, do Jornal Moderno (em 1918 fundaria O Imparcial); Homero Pires, de O Estado; e João da Silva Freire, do Diário de Notícias.>
O programa da Associação de Imprensa da Bahia não divergia muito do programa original de Lacerda na Associação Brasileira de Imprensa: ser um espaço para congraçamento da classe; formar uma caixa de beneficência e socorro para seus associados; aprimoramento profissional; defesa dos interesses da classe; e, mais, a ladainha de congregar para evitar polêmicas pessoais entre os seus membros. Discurso de todas as entidades de jornalistas fundadas até inícios da década de 1930.>
As reuniões preparatórias foram realizadas nos salões do Grêmio Literário, a primeira reuniu cerca de 50 futuros associados. Os estatutos foram aprovados em 25 de setembro, com emendas sugeridas por Simões Filho e Cosme de Farias, dentre outros, e, na mesma sessão eleita a primeira diretoria: Virgílio de Lemos como presidente executivo e o ex-governador Severino Vieira, proprietário do Diário da Bahia, presidente da Assembleia Geral. Resumindo, dois ferrenhos opositores de J.J Seabra, que então governava o estado.>
Integravam a diretoria os membros da comissão organizadora e mais Aloisio de Carvalho, Jose de Aguiar Costa Pinto, Rafael Spínola, Israel Ribeiro, Arthur Matos e o jovem Altamirando Requião. Os diretores eleitos que eram vivos em 1930 foram sócios fundadores da Associação Bahiana de Imprensa-ABI e Altamirando Requião, o seu primeiro presidente. A posse não teve solenidade, como previsto, em luto pelo falecimento do jornalista Ernesto Sena.>
Na sua curta existência, a Associação mobilizou a sociedade para atender as vítimas das enchentes, promoveu palestras nos salões do Grêmio, e exigiu do chefe da polícia abertura de inquérito para apurar o empastelamento do jornal “Cidade de Ilhéus”. >
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