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Nelson Cadena
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 23:13
Os baianos ainda não reconheceram o nosso Imperador como um dos patronos da festa de Momo. O Carnaval da Bahia, assim como o do Rio de Janeiro, quando deixaram de ser entrudo, surgiram no modelo que Dom Pedro II testemunhou, e relatou, em Nápoles, em 1877, então convidado pelo Rei Victor Manuel da Itália. Modelo, este, dos carros alegóricos e do tema enredo que de fato era o padrão original do Carnaval de Nice. O Correio da Bahia noticiou em 21 de março do ano referido a participação do Imperador folião. >
O Carnaval baiano deixou de ser entrudo, no papel, em 1884, quando o governo instituiu o Carnaval oficial, e ele já surge com imponentes carros alegóricos e um tema enredo. Modelo que prevaleceu por décadas e que também foi adotado pelos afros e afoxés que desfilaram entre 1895 e 1905, quando foram proibidos de se exibir na Avenida. >
Em 1888, Dom Pedro II, na sua segunda viagem a Nice, na companhia da Imperatriz Teresa Cristina, participou do Carnaval, assistiu e se empolgou com a Batalha das Flores, novo modismo da festa.>
O Correio Imperial, periódico redigido pelo príncipe D. Luís Maria de Orleans e Bragança, sugeriu que Petrópolis adotasse as Batalhas das Flores que tanto empolgaram a família imperial, durante o Carnaval. Sugestão aceita, em 12 de fevereiro de 1888, aconteceu a primeira Batalha de Flores do país. >
Na Bahia, há registros de Batalha de Flores, os projéteis eram pequenos ramalhetes de flores, na primeira década do século XX. Atirados de um Corso para o outro. Mas, é provável que existissem antes, com flores atiradas de uma carroça para outra.>
As flores, junto com as serpentinas e os confetes, os de gesso, originais, e os de papel, moldaram o Carnaval baiano nas duas primeiras décadas do século mencionado. Os corsos, carros conversíveis ornados com flores, desfilavam pela Chile e em círculo, na Castro Alves, onde ocorriam as batalhas. >
Tradição que continuou com as pranchas de bondes, os camarotes sobre trilhos do Carnaval baiano, popularizados na segunda década, e as flores, também, sem o propósito de atirar, ornaram as carroças da Lavagem do Bonfim, por mais de um século.>
A família imperial tinha o DNA carnavalesco do Imperador que, consta, quando adolescente se divertia entrudando - jogando laranjinhas perfumadas de cera - familiares e servidores. A princesa Isabel, recém-casada com o Conde D’Eu, na sua segunda lua de mel, na Europa, vestiu a fantasia de pretinha baiana, em fevereiro de 1865, num baile de máscaras. >
Fantasias de pretinhas baianas, branquinhas, tisnadas de carvão, fizeram parte dos bailes realizados no clube dos Fantoches da Euterpe e de figurantes de carros alegóricos, na Avenida, na década de 1930.>