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Publicado em 8 de maio de 2025 às 05:00
Começou o tão esperado conclave – como é conhecido o processo eleitoral para a escolha do papa. São mais de 70 países com cardeais eleitores, enquanto eram 48 no conclave que elegeu Mario Bergoglio. Dentre eles, está o Brasil com sete cardeais aptos a votar – atrás dos EUA e da Itália. Mas será que algum desses brasileiros tem chances reais de ser eleito papa?
Apesar de não termos o maior número de cardeais, o Brasil segue como o país mais católico do mundo. Pelo menos por enquanto. A partir de 2032, a população de evangélicos deve ultrapassar a de católicos pela primeira vez. É um fenômeno que vem sendo observado há décadas e não somente no Brasil. Franscisco sabia disso e, em meio ao avanço das igrejas neopentecostais, ao perceber que a fé católica estava cada vez mais isolada e menos ligada aos antigos centros de poder europeus, tentou modernizar a Igreja.
Dentre esses 135 cardeais com direito a voto, 80% foram indicados por Francisco, que diversificou com muitos nomes fora da Europa. Cardeais latino-americanos, africanos e asiáticos terão peso maior neste conclave, o que poderá surpreender e beneficiar a escolha de um papa não-europeu. Claro, sempre há candidatos favoritos, como o atual secretário de Estado, o italiano Pietro Parolin, ou o húngaro Peter Erdö, um dos principais nomes conservadores.
Cardeais, no entanto, não estão arregimentados em partidos políticos e todo conclave pode ser bastante imprevisível. Principalmente este, marcado por maior diversidade e presença de cardeais de países que antes tinham pouca representação. Logo, não seria loucura ficar de olho também em um cardeal brasileiro - ninguém menos que o arcebispo da Arquidiocese de Salvador, Dom Sérgio.
Proclamado cardeal em 2016 por Francisco, Dom Sérgio tem 65 anos e é o único membro do Conselho de Cardeais, o chamado G9, criado com o intuito de auxiliar o papa a governar. Neste período de congregação geral, época em que os cardeais se reúnem para ir estudando os candidatos, o nome de Dom Sérgio foi ganhando tração. O arcebispo de Salvador tem um perfil conciliador, evangelizador e é bastante carismático.
Quando surge um Frei Gilson, a Igreja Católica comemora; ele tem 18 milhões de seguidores, muito menos que o pastor evangélico Bruno Leonardo, por exemplo, que possui 53 milhões de inscritos só no Youtube. Nestes novos tempos, um papa brasileiro pode ser estrategicamente necessário para manter viva a força da Igreja. Claramente um papa tem questões que vão muito além do Brasil – de Gaza a Ucrânia, passando por China, EUA e Rússia, mas um papa brasileiro poderia auxiliar a manter o Brasil como o país mais católico do mundo, alavancando assim o catolicismo e ajudando como peça-chave na geopolítica da Santa Sé. Afinal, se Deus é brasileiro... o papa também pode ser?
Vitor Evangelista é jornalista e escreve sobre geopolítica e wellness no Espresso News