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Paulo Leandro
Publicado em 16 de novembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Leão, Eurico, Baldochi, Luis Pereira e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei. O técnico era Oswaldo Brandão, mas os professores não tinham figuras auto-colantes nos times de botão da fábrica de brinquedos Estrela, nos anos 1960.
Assim, conheci o Palmeiras, nosso adversário de amanhã. Foi o primeiro time que tive contato direto, como objeto dado na mundanidade do mundo. Mas a estreia em estádio foi no Joia: Flu de Feira 2x2 Bahia, no ano sagrado de 1969.
Tio Milton, rubro-negro, influenciou a criança a tornar-se um cético. Só porque meu amigo, hoje um extramundano, Garibaldo Mattos, expulsou os dois melhores do Flu e deu acréscimos tantos quantos foram necessários.
O Flu tava dando 2x0, mas o Bahia foi buscar o empate. Este hábito da ajudinha, diziam os detratores do SuperMan, vem desde a fundação deste herói tão amado. Intriga da oposição.
O fato não é só o fato e, quanto mais se interpreta, mais rico ele se torna. Nelson Rodrigues: “o jornalista que faz culto ao fato é um fracassado. É preciso o acréscimo da imaginação”.
Para organizar o Campeonato de 1931, a federação teve de trabalhar porque o Yankee de Aroldo Maia havia fechado, seguindo o destino do Bahiano de Tênis e da Associação.
Para tentar, ao menos, repor o número de teams, até na Rua da Legalidade, na bela Periperi, foi criado o Energia Circular - ou foi o SMTC? Ypiranga e Botafogo, times populares, eram sempre os vilões a derrotar pela pobre elite da eugenia e já golpista.
A cena estava bem fraquinha, o Victoria com seu time de acadêmicos, afeiçoado ao remo, fechado em sua redoma, os outros eram os pobres. Quando decidiu-se criar o Atlético Baiano, nome inicial do Bahia, foi aquela alegria, o futebol salvara-se!
A farda de cores positivas tinha o detalhe da nobre faixa vermelha descendo imponente ao cós do bermudão azul, experiência estética rara em um esporte de contato físico.
O Bahia havia nascido mesmo para vencer, como o slogan criado pelo único poeta-presidente do mundo, Amado Bahia Monteiro, numa entrevista para uma rádio cearense, numa excursão sete anos após o parto.
Até quando o Bahia perdeu um campeonato, o de 1938, para o Botafogo, o pessoal não se conformou em ver seu rapazinho triste. Pois fizemos outro, naquele mesmo ano, que o Bahia não podia ficar sem seu habitual título.
Um clube ninado nos braços da federação, da vibrante crônica, e de uma torcida crescente, enfrentando outras já existentes: tudo convergia. Quando a política o capturou, o Bahia doou sentido ao ‘real’: de Osório à atual Convergência.
Este convergir de hoje atualiza o bloco histórico original, diria o professor do Cárcere. Esta genealogia revela as pegadas da trilha de um clube-fera onde só se paga bem e em dia. Não há disputas internas, nem pautas complexas.
Ah, e nem existe artilheiro de chifre pois não é clube de tourada como o de Feira! Tudo de negativo sói ocorrer em Canabrava, especialmente em momentos decisivos: “Leão sem garras”!
“Aqui não se produz notícia ruim” poderia ser a placa afixada à entrada do Fazendão, como Platão alertara sobre a geometria à frente da Academia. Viva 1931! Vamos assar o Porco do Il Duce, na Arena das Goleadas! Mas vale combinar antes pra não ter erro.
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.