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Pombo Correio
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 05:30
Caciques da base petista na Bahia redobraram as atenções sobre prefeitos e lideranças para avaliar o termômetro no interior do estado. Parlamentares e políticos com trânsito no Palácio de Ondina perceberam, nas últimas semanas, um “aumento considerável” nas queixas contra o governo Jerônimo Rodrigues (PT). A principal queixa é o não cumprimento das promessas feitas, tanto nas eleições de 2022, quanto nos anos seguintes, o que tem gerado muitas reclamações da população dos respectivos municípios. E a conta, naturalmente, cai no colo do prefeito. Alguns já começaram a reclamar publicamente, como o prefeito de Encruzilhada, Dr. Pedrinho (PSD), que, em áudio que viralizou nas redes sociais, disse que “ninguém aguenta mais promessa”, ao se queixar dos compromissos não cumpridos.>
Promessa pra todo lado>
Parlamentares da base governista dizem reservadamente que as promessas não cumpridas por Jerônimo geraram uma sensação de frustração entre prefeitos e lideranças do interior. Eles avaliam também que a situação tem influenciado também na popularidade do governador, que tem caído em diversas regiões. Deputados ouvidos pela coluna pontuam que, na verdade, “Jerônimo exagerou demais nas promessas”, se comprometendo com cifras estratosféricas que naturalmente não seriam atendidas nunca. “Jerônimo precisaria de um orçamento no mínimo três vezes maior para cumprir tudo que está prometendo. Tá ficando feio”, avaliou um parlamentar.>
Nas entrelinhas>
Quase passou despercebida uma resolução do diretório nacional do PT para as eleições de 2026, em que um dos pontos terá profundo impacto na Bahia. O tópico em questão é o que trata como prioridade a disputa pelo Senado, o que é mais um indicativo de que o PT vai bancar a chapa puro sangue, com Jerônimo, o senador Jaques Wagner buscando a reeleição e o ministro Rui Costa no lugar de Angelo Coronel (PSD), que, neste cenário, seria mesmo limado. Embora não tenha ganhado ampla repercussão, o assunto não passou despercebido por políticos experientes e lideranças do PSD, que entenderam o recado.>
Obstrução>
A bancada de oposição realizou a mais longa obstrução desta legislatura na Assembleia Legislativa da Bahia ao travar por mais de 12 horas a votação de dois novos empréstimos pedidos pelo governador, somando quase R$ 1 bilhão. São operações que se encaixam no já robusto pacote de R$ 26 bilhões em créditos aprovados desde o início do governo - o que equivale a R$ 25 milhões por dia, ou cerca de R$ 1 milhão por hora. Enquanto você foi ao supermercado, o governador tomou empréstimo. Você assistia à novela, outro pedido entrava. No intervalo do jogo do seu time, mais um. Estranho é que a mesma velocidade não se vê nas obras do Estado, muitas delas paradas, como apontam relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE).>
Atropelo>
A obstrução de 12 horas poderia ter durado ainda mais, não fosse a postura arbitrária da presidente Ivana Bastos (PSD), que ignorou normas básicas do Regimento Interno e atropelou pedidos formais da oposição para discutir tecnicamente os projetos. Com deputados de mão erguida e microfones acionados, Ivana simplesmente passou por cima, reforçando o velho ditado de que o governo gosta mesmo é de aprovar tudo “na calada da noite”, no tranco do rolo compressor. Nos bastidores, comenta-se que o comportamento da presidente revela, na verdade, seu desconhecimento das próprias regras da Casa. E mais: os projetos aprovados na madrugada, em desacordo com o regimento, podem acabar judicializados, criando um constrangimento inédito para a Mesa Diretora e para a própria presidência da Assembleia.>
Na base do grito>
Aprovar projetos no grito parece ter virado marca registrada da gestão Ivana Bastos. Na terça-feira, durante a votação do projeto que reestrutura o Planserv, a presidente chegou a ameaçar retirar servidores das galerias porque protestavam contra um texto que encarece o plano sem oferecer qualquer garantia de ampliação ou melhoria da rede assistencial. Entre berros e broncas, Ivana decretou que “não caberia manifestação”, transformando o plenário num ambiente hostil à participação popular. E não foi caso isolado: toda vez que entra na pauta um projeto de interesse do funcionalismo, a pessedista monta uma operação de guerra, lota a Casa de policiais e bloqueia acessos. Semanas atrás, impedido de acessar as galerias, um servidor gritou com ironia: “Ah, que saudade da ditadura!”. O clima policialesco já atrapalha até a cobertura da imprensa.>
Esforço que vale chapa>
Já virou folclore nos corredores da Alba a resenha de que Ivana Bastos estaria fazendo um esforço sobre-humano para aprovar, a qualquer custo, todas as matérias de interesse do governo porque mira, lá no horizonte, a possibilidade de ser recompensada com um posto na chapa majoritária em 2026. Com o senador Angelo Coronel sob o risco de ser rifado da chapa, pode caber ao PSD a vaga de vice, para a qual Ivana se apresenta sem cerimônias e sem receio de subir às custas da queda de um correligionário.>
Cenas lamentáveis >
A votação desta semana também chamou a atenção para o deputado Marcinho Oliveira (PRD), que parece estar empenhado em tomar o lugar do colega Rosemberg Pinto (PT) na liderança do governo Jerônimo na Alba. O problema é que Marcinho tem se esforçado tanto para se mostrar para Jerônimo e para o secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), que está passando do ponto nos debates e chegando ao nível de agressões pessoais contra oposicionistas. O pior embate foi com o deputado Sandro Régis (União Brasil), que reagiu à altura, mas sem se rebaixar ao nível de Marcinho. Na oposição, bancada pela qual ele foi eleito, a postura de Marcinho tem sido condenada por conta do desrespeito com os colegas. >
Depois da queda, o coice>
A política de Lauro de Freitas ganhou um fato novo que promete abalar as estruturas do PT na cidade. O candidato derrotado nas eleições do ano passado Antonio Rosalvo (PT) decidiu apoiar a deputada federal Ivoneide Caetano (PT) nas eleições do ano que vem, deixando de lado a pré-candidatura da ex-prefeita Moema Gramacho (PT), madrinha política dele. O fato consolida de vez a ruptura entre ambos, que começou inclusive na eleição de 2024, quando Rosalvo tentou a todo custo esconder Moema de sua campanha em função da elevada rejeição da ex-prefeita.>
Entre a cruz e a espada>
Lideranças do PDT baiano vivem um verdadeiro dilema para as eleições do ano que vem. Pedetistas já admitem que o partido só irá eleger um deputado estadual em 2026, o que tem provocado desânimo em integrantes da sigla. A possibilidade de conseguir uma bancada maior é filiando deputados de mandato. Contudo, avaliam lideranças, isso pode afugentar nomes competitivos que não querem concorrer com parlamentares com mandato em exercício. Em suma, se a estratégia atual for mantida, o partido pode ficar com uma bancada minguada e, se filiar deputados de mandato, corre o risco de afugentar candidatos. >
Sem regras>
Entre tantos horrores apontados pelo TCE na administração estadual, um deles surpreende pela obviedade do descuido: a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, criada na transição entre Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, funciona até hoje, pasmem, sem regimento interno. Para tocar a máquina, usa como referência o regimento de uma secretaria que nem existe mais. Os auditores ficaram estupefatos com a falha primária, que expõe a pasta a um cenário de absoluta insegurança jurídica.>