A solidão de Geraldo Jr. no Carnaval, a resistência do PT e o novo empréstimo de Jerônimo

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 07:27

Geraldo Júnior e o Bloco do Eu Sozinho  Crédito: Reprodução

Duas imagens resumem o Carnaval do vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Na primeira, uma foto na tradicional saída do Ilê, ele aparece atrás do governador Jerônimo Rodrigues (PT), com a cara amarrada e esticando o pescoço para tentar aparecer no registro. Na segunda, um vídeo que circula nas redes sociais, ele aparece andando quase solitário nas ruas de Salvador durante a folia. Não fosse por uma equipe de seguranças e um fotógrafo a tiracolo, o emedebista passaria despercebido. E assim foi durante os dias de folia: Geraldo tentando aparecer a todo custo, mas sem qualquer sucesso. Quando teve a chance, em entrevista a uma emissora de TV, se atrapalhou tanto que precisou ser interrompido por Jerônimo. Nem mesmo a nomenclatura de coordenador da festa ajudou no teste de popularidade.

Megalomania

O Carnaval foi tão ruim para Geraldo que um importante membro de sua assessoria está a um passo de pedir demissão. A gota d'água foi justamente durante a folia, quando Geraldo montou um pomposo esquema de segurança, com exigências das mais absurdas possíveis. Segundo relatos feitos à coluna, o assessor não aguenta mais a megalomania do vice-governador. Vale lembrar que o emedebista conta com uma estrutura de 40 seguranças. Quando questionado sobre o assunto, na época em que a quantidade de PMs à sua disposição foi revelada, disse que estava pedindo ao governo mais 40.

Sem noção

Quem também não aguenta mais Geraldo é um influente membro do primeiro escalão do governo, que mora no mesmo prédio do vice-governador. O emedebista tem causado o maior constrangimento ao tentar forçar uma amizade com o colega de governo. A falta de noção é tanta que Geraldo chega a bater na porta do vizinho sem nem avisar.

Resistência

Uma ala mais radical do PT de Salvador está decidida em não baixar a guarda contra o apoio da legenda ao nome do vice-governador Geraldo Júnior na disputa pela prefeitura. O grupo ainda sustenta uma medida cautelar na executiva nacional para derrubar a decisão da direção municipal, que teria sido tomada à revelia do que diz a resolução partidária. Em nota à imprensa, o grupo declarou que a escolha por Geraldo “conduzirá o Partido à asfixia política na capital baiana e acumulará mais uma derrota eleitoral e política”.

Gestão com "J”

E veja só essa: o governador Jerônimo enviou para a Assembleia Legislativa, em regime de urgência, um pedido de autorização para contratar empréstimo de R$ 400 milhões, mas não disse exatamente como pretende aplicar o dinheiro. E mais, não disse de qual banco pretende captar o recurso. O petista conseguiu piorar o sentido do termo “cheque em branco”.

Turista na Cultura

Talvez para tentar agradar a base petista, que anda insatisfeita com a sua atuação, o secretário da Cultura do Estado, Bruno Monteiro, resolveu atacar a Prefeitura de Salvador por conta do sucesso do Carnaval no Centro Histórico. Contudo, o tiro saiu pela culatra, e Monteiro, que é gaúcho nascido em Porto Alegre, tomou uma invertida do secretário de Cultura e Turismo da capital, Pedro Tourinho. "Quem é de fora pode não saber, mas o Centro Histórico é maior do que o Largo do Pelourinho, e existe um circuito de Carnaval dedicado a ele, que é o Batatinha", alfinetou Tourinho. Enquanto isso, o Teatro Castro Alves (TCA) segue sem nenhuma intervenção de Monteiro após o incêndio no ano passado.

Descompromisso

O PT está tão pouco interessado na candidatura de Geraldo Júnior em Salvador que, no ano da disputa, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nem deu as caras e o senador Jaques Wagner apareceu discretamente apenas no último dia.

Não exija muito

Integrantes da base governista favoráveis à candidatura de Paulo Rangel (PT) ao TCM não gostaram nada das alegações do deputado Fabrício Falcão (PCdoB) de que o petista não atende às credenciais da vaga por falta de diploma de nível superior - embora o regimento cobre apenas “notório saber jurídico”. Ao defender Rangel, um governista disse reservadamente que se a Casa “conseguiu a proeza” de colocar uma enfermeira no Tribunal, não terá dificuldade em chancelar alguém sem diploma, mas com longa carreira política e mandato milenar.

Rangel Honoris Causa

Por falar em diploma, é a segunda vez que o bendito canudo assombra ambições de petistas. O caso mais recente foi do ex-deputado Jacó, que não pode ocupar um determinado cargo na ALBA por não ter nível superior. Na época, houve até a tentativa de usar um título honoris causa para contornar a exigência, coisa que se Rangel tivesse amenizaria o fogo amigo.

Gesto palaciano

As negociações em apoio a Paulo Rangel, a propósito, abriram um espaço para antecipar tratativas da presidência da Assembleia. Segundo interlocutores governistas, quem fez proveito da oportunidade foi a líder do PSD na Casa, deputada Ivana Bastos, que assegurou o apoio integral da bancada e em troca teria conseguido ao menos um gesto do Palácio de Ondina com seu projeto de suceder Adolfo Mendes a partir de 2025. O movimento da pessedista não passou em branco e despertou uma ciumeira em alguns.

Queimou a largada

Integrantes do PT estadual começaram a questionar se o partido não queimou largada com o lançamento tão prévio do nome do deputado federal Waldenor Pereira à Prefeitura de Vitória da Conquista. Avaliam que a antecipação trouxe benefícios, mas também muitas críticas, o que tem feito a rejeição ao professor crescer em níveis não esperados pela cúpula do partido. Isso faz com que ele continue patinando nas pesquisas.