Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

O alerta máximo na base petista, o desejo de mudança na Bahia e a nova pérola de Jerônimo

Leia a coluna na íntegra

  • Foto do(a) author(a) Pombo Correio
  • Pombo Correio

Publicado em 28 de novembro de 2025 às 05:30

POMBO-CORREIO
Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues Crédito: Joá Souza/GOVBAHIA

Os principais cardeais da base petista elevaram o sinal de alerta ao nível máximo nesta semana quando avaliaram o resultado de uma pesquisa interna sobre o cenário político da Bahia para o próximo ano. O levantamento mostrou que, na intenção de votos, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) seria derrotado de goleada caso a eleição fosse hoje. O cenário ficou ainda pior com a elevada desaprovação do governo e o desejo de mudança no estado, cujo percentual ultrapassou a marca de 55%, conforme informações de pessoas que tiveram acesso à pesquisa. A avaliação de caciques da base petista é que esse sentimento atinge Jerônimo e pode, por consequência, afetar também o desempenho do presidente Lula (PT). Internamente, os cardeais não pouparam críticas ao governador pelo desempenho, que, inclusive, vem piorando.

Não combinou com os russos

Um dos que não poupam críticas a Jerônimo é o ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), de acordo com fontes com trânsito no Palácio de Ondina. Tanto é que aliados muito próximos de Rui já andam especulando a possibilidade de o ministro ser candidato a governador nas eleições do próximo ano no lugar de Jerônimo. O problema é que não combinaram com os russos. Jerônimo já percebeu os movimentos de “plantação de notícias” e anda chateado com a articulação, assim como o senador Jaques Wagner (PT). Inclusive, quadros petistas atribuem a Rui a encomenda de pesquisas para apontar o mau desempenho de Jerônimo e sugerir que ele, o próprio ministro, seria um candidato mais competitivo. Aliados de Jerônimo, por outro lado, utilizam pesquisas que mostram um resultado muito melhor do atual governador do que o ex no cenário espontâneo. O fato é que, internamente no ninho petistas, esse imbróglio tem causado um enorme mal estar.

Mais uma pérola

A fábrica de pérolas do governador Jerônimo Rodrigues produziu mais um meme nesta semana. Ao falar sobre o seu 22º pedido de empréstimo, agora no valor de R$ 650 milhões, o petista disse que o objetivo era para "aliviar a dívida", citando que "os juros sobre juros" criam um débito prejudicial. "Então, a gente renegocia. É o caso desse último empréstimo", disse ele. A fala, claro, rendeu memes e piadas. "O governador criou uma nova dívida para aliviar a dívida", disse um deputado, aos risos.

Fragilidade social

Uma auditoria do Tribunal de Contas da Bahia (TCE-BA) nas contas de 2024 da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) trouxe um retrato incômodo ao governo do Estado. Os auditores apontaram, entre outras coisas, ausência do Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, além de fragilidades na execução de medidas previstas no desenho orçamentário e falhas no planejamento das políticas ligadas à justiça social. O problema ganha outro peso porque a Seades é justamente a pasta que abriga o Bahia Sem Fome, vitrine do governo no combate à insegurança alimentar, enquanto o IBGE revelou recentemente que 4 em cada 10 lares baianos ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar.

Camisa 10

A base do governo ainda tenta entender o que aconteceu na sessão da última quarta-feira na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Um dos quadros mais experientes da oposição, o deputado Sandro Régis (União Brasil) pediu verificação de quórum e derrubou a votação em que o governo pretendia aprovar o empréstimo de R$ 2 bilhões enviado pelo governador Jerônimo Rodrigues. Nos bastidores, a comparação foi que Sandro agiu como Everton Ribeiro, o camisa 10 do Esporte Clube Bahia, que aparece na hora certa, no lugar certo e finaliza com precisão sem muita correria.

Bola nas costas

Em parte, a derrota caiu no colo da presidente da Assembleia, Ivana Bastos (PSD). Foi ela que insistiu em convocar a votação para quarta, dia atípico de plenário, quando a maioria dos deputados já não costuma dar as caras. E para piorar, Ivana não estava na cadeira da presidência no momento decisivo em que Sandro Régis pediu a verificação de quórum. Nem mesmo o líder do governo Rosemberg Pinto (PT), que não conseguiu mobilizar sua tropa, saiu tão arranhado do plenário.

Muita propaganda e pouca ação

Prefeitos e lideranças políticas dos municípios que mais sofreram impactos com as fortes chuvas que atingiram o Estado nos últimos dias reclamaram da falta de ações mais efetivas do governo Jerônimo. Entre as queixas foi que, além de demorar a resolver problemas como o bloqueio de rodovias, o governo não dispõe de estrutura para socorrer as cidades, que sofreram com problemas de infraestrutura. Reclamam, ainda, da falta de apoio do governo em medidas preventivas, mesmo com muitos alertas já feitos. E alguns ainda relembram que os municípios que sofreram com as enchentes de 2021 foram abandonados à própria sorte pelo governo.

Lupa

A ofensiva da oposição contra o endividamento recorde da Bahia já chegou formalmente aos órgãos de controle. O líder da oposição, Tiago Correia (PSDB), acionou o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público (MP-BA) pedindo uma auditoria específica sobre todas as operações de crédito feitas por Jerônimo, a fim de verificar a real capacidade de pagamento do Estado e dos impactos futuros das dívidas acumuladas, além da apuração de possível desvio de finalidade e uso eleitoral da máquina pública. A representação solicita ainda a análise das irregularidades em contratos e obras paralisadas. Nos bastidores, o comentário é um só: chegou a hora de descobrir para onde foi tanto dinheiro.

Ruído institucional

Chamou atenção no TCE o veto parcial do governador Jerônimo Rodrigues a um projeto de lei de iniciativa do próprio Tribunal de Contas do Estado, aprovado com folga pela Assembleia. O trecho barrado trata justamente da reestruturação de cargos internos, tema sensível e, segundo analistas, que poderia ter sido previamente alinhado entre Executivo e a Corte de Contas para evitar o constrangimento público. O gesto soou como deselegância institucional, criando um ruído desnecessário entre as partes. Agora, os olhos se voltam para a Assembleia: os deputados vão manter o veto ou enfrentar o governador para prestigiar o TCE? A próxima votação dirá quem tem mais força nesse tabuleiro.