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O petista da Gucci, o comportamento bipolar e a negligência de Jerônimo na seca

Leia a coluna na íntegra

  • Foto do(a) author(a) Pombo Correio
  • Pombo Correio

Publicado em 22 de agosto de 2025 às 05:00

 secretário de Relações Institucionais da Bahia, Adolpho Loyola (PT),
Secretário de Relações Institucionais da Bahia, Adolpho Loyola (PT) Crédito: Wuiga Rubini/GOVBA

Homem forte do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), o secretário de Relações Institucionais da Bahia, Adolpho Loyola (PT), deixou um promotor de Justiça de queixo caído no último domingo pouco antes de embarcar num voo de São Paulo para Salvador. O motivo do espanto é que Loyola portava uma sacola bastante pomposa da Gucci, marca italiana que está entre as mais luxuosas do mundo. Em uma rápida busca na internet, é possível encontrar produtos da marca, como um terno, que chegam a custar R$ 30 mil. O promotor falou com colegas do Ministério Público sobre a ostentação do secretário e disse que impressionava o fato de um agente público, como ele, não se incomodar de "luxar" dessa forma. Os promotores comentaram entre eles que, diante disso, vão ligar o radar sobre o secretário petista.

Comportamento bipolar

A militância do PT na Bahia parece estar sofrendo de algum tipo de transtorno bipolar da política. Quando a aprovação do presidente Lula (PT) despencou no estado, os petistas baianos disseram, nos bastidores, que não haveria impacto na imagem do governador Jerônimo Rodrigues, pregando um descolamento do cenário nacional do estadual. Agora que a boa avaliação de Lula deu uma subida, conforme recente pesquisa Quaest, os petistas estão em festa e celebram a casadinha do presidente com o governador, renovando o discurso de que Lula puxa Jerônimo. Essa turma precisa decidir se Lula arrasta ou não Jerônimo e se os cenários nacional e estadual são descolados ou não.

Maquiagem estatística

Além de esquivar rotineiramente e até negar o drama da insegurança pública na Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues deu agora um passo adiante e quer aprovar na Assembleia Legislativa um projeto sugerindo medidas alternativas à prisão a fim de combater a superlotação carcerária no estado. A percepção é que a proposta soa mais como uma espécie de maquiagem estatística do que solução real, um jeito de reduzir artificialmente a população carcerária sem enfrentar o problema na sua profundidade. Num cenário em que a sensação de insegurança já é dominante, criar mais brechas parece, no mínimo, um contrassenso. Em tempo, junto com essa medida, Jerônimo quer criar dezenas de cargos de confiança, de livre nomeação.

Negligência real

A questão da ocupação prisional na Bahia foi, inclusive, objeto de apontamento de uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) em 2023. Os auditores verificaram que a Bahia tem 5,23% das vagas prisionais interditadas ou desativadas, índice acima da média do Nordeste e até da esfera federal. Ou seja, o problema não é só a falta de vagas, mas também a incapacidade de manter as que já existem. Ao invés de enfrentar essa distorção, o governo prefere apostar em medidas alternativas à prisão - uma estratégia que lembra a defesa do governador pela aprovação automática de alunos na rede estadual - o que em tese ajudaria a maquiar o baixo desempenho baiano no Índice da Educação Básica (Ideb). Assim como na educação, a lógica parece ser esconder os dados ruins debaixo do tapete, criando indicadores bonitos no papel, mas que na prática revelam uma Bahia que vai muito mal tanto em segurança quanto em ensino.

O TCE avisou

A ironia é que a Seap, ignorando todos os alertas apontadas pelo TCE, assistiu passivamente a uma série de episódios de fugas, como se viu no final do ano passado em Eunápolis, onde 16 presos, com direito a atuação de facção e até ajuda de uma diretora da unidade, escaparam de forma cinematográfica. O TCE registrou que, na época, havia um policial penal para cada 564 presos no conjunto penal da cidade - proporção que chega a assustar. Como era de se esperar, a superlotação e as condições precárias funcionam como caldo perfeito para rebeliões, fugas e para consolidar o clima de terra sem lei que reina nas unidades prisionais.

Sintonia

Nos bastidores da política baiana, a relação entre a presidente da Assembleia Legislativa, Ivana Bastos (PSD), e o governador Jerônimo Rodrigues está longe de ser aquele retrato de sintonia que ambos demonstram nas fotos oficiais. Isso porque a pessedista ainda sofre com a falta de prestígio do governo, coisa incomum a um chefe do Legislativo. Um dos momentos de constrangimento mais recente foi durante o aniversário de Guanambi, reduto eleitoral de Ivana, quando o governo do estado organizou uma programação paralela sem sequer alinhar com a anfitriã. Sem saber da agenda oficial do governador, ela chegou a cancelar uma entrevista em rádio local para evitar o risco de ser pega de surpresa sobre as comemorações dos 106 anos de emancipação política da cidade.

Dividendo reverso

O governador Jerônimo Rodrigues passeou ontem pelas obras da reforma do Teatro Castro Alves (TCA) e anunciou que a reinauguração só deve ocorrer em 2026, ano eleitoral. O curioso é que a obra, que se arrasta desde fevereiro do ano passado, começou com um contrato inicial firmado em R$ 148,7 milhões, mas já saltou para R$ 260 milhões. É o que se pode chamar de dividendos reversos - quanto mais o tempo passa, mais cara a conta fica. O atraso virou um investimento de alto risco para os cofres públicos, e a cada mês de lentidão, o preço da “requalificação” só engorda. Nos bastidores, não faltam comentários de que Jerônimo se especializou justamente em não tirar obras do papel, o que, a propósito, tem se tornado a marca registrada do seu mandato.

A seca castiga

A negligência dos governos federal e do estado com a seca na região de Irecê beira a irresponsabilidade. A situação chegou ao nível mais severo da estiagem e vem causando prejuízos enormes para a população de diversos municípios, mas especialmente em América Dourada, Ibititá e São Gabriel, onde rios e lagoas simplesmente desapareceram. Nesta semana, circularam nas redes sociais imagens do estado do Rio Jacaré, em São Gabriel, completamente seco. Lavouras foram totalmente perdidas e animais morrem por falta de água e alimento. O problema já dura meses sem que nada de mais efetivo tenha sido feito para socorrer as pessoas que sofrem com a estiagem. E o pior de tudo é que, após quase 20 anos de governos do PT na Bahia, não foi adotada nenhuma medida mais concreta para garantir segurança hídrica para a região, que sofre frequentemente com a seca.

Rei na barriga

O coordenador-geral de Políticas para a Juventude da Bahia, Nivaldo Millet, vem recebendo uma enxurrada de críticas por sua atuação na gestão na estrutura estadual. Relatos chegados à coluna apontam que servidores pediram exoneração ou se afastaram em função de ataques que estariam sofrendo do gestor. Fontes com trânsito no Palácio de Ondina dizem que o jovem, quando confrontado, costuma dizer que tem a confiança do governador Jerônimo. O volume de queixas, ainda segundo as fontes, estaria incomodando lideranças da base petista, que já informaram ao governador sobre o caso.

Calote eleitoral

Um prefeito de uma grande cidade da Bahia vem recebendo críticas por promessas faraônicas de votos a candidatos a deputado nas eleições do ano que vem. Pelo menos quatro parlamentares já receberam juras de amor do prefeito. O pior é que eles já descobriram que estão caindo no conto do vigário e estão com o pé atrás. Agora, pelo que se comenta, ele teria fechado apoio a apenas um postulante. Nas rodas de conversa, observadores dizem que o tal prefeito pode dar um calote eleitoral.