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Gabriela Cruz
Publicado em 1 de junho de 2025 às 08:00
Às vezes, sem perceber, desviamos o olhar do nosso próprio caminho e começamos a medir nossa trajetória pelos passos dos outros. Na cultura japonesa, existe um conceito chamado Oubaitori, inspirado na observação de quatro árvores frutíferas: cerejeiras, ameixeiras, pessegueiros e damasqueiros. Todas florescem na primavera, mas em tempos e formas diferentes. Nenhuma é mais importante que a outra por desabrochar antes ou depois.>
O termo é usado como metáfora para celebrar a individualidade e desencorajar comparações entre pessoas. Ele nos lembra que cada ser humano tem seu próprio ritmo, tempo e modo de existir — e que nenhuma trajetória é mais valiosa do que a outra. Mais do que uma ideia estética, Oubaitori é uma filosofia de vida: um lembrete para seguirmos nosso caminho com autenticidade, sem nos medir pelos padrões alheios. É um convite ao respeito pelas diferenças — e à aceitação da própria jornada.>
Vivemos a era do “justo na minha vez, estou exausta”. O ciclo de comparação é alimentado por um sistema que exige desempenho o tempo todo. A ideia de que o trabalho precisa carregar todo o nosso propósito é, muitas vezes, exaustiva — e falsa. Quando medimos tudo pela régua da utilidade, hobbies viram obrigações e prazer vira culpa. Nem todo sentido precisa ser grandioso. E tudo bem. Talvez o propósito esteja em cultivar um ritmo próprio. Como as flores.>
Sempre desenhei. Estudei na Escola de Belas Artes da UFBA. Mas quantas vezes deixei de mostrar um trabalho por achar que ele “não era bom o suficiente”? A gente cresce ouvindo que arte é passatempo. Que quem tem arte em casa dificilmente será artista de galeria. E isso pesa. Mas quando vejo eventos como a SP–Arte Rotas, percebo como essas ideias limitantes são frágeis. A feira reúne nomes consagrados e emergentes, inclusive artistas que nunca passaram pela universidade. E ainda assim, estão ali, vendendo, influenciando, construindo caminho.>
De 27 a 31 de agosto de 2025, a SP–Arte Rotas realiza sua quarta edição, agora com novo nome e escopo ampliado. O evento acontece na Arca, em São Paulo, e propõe uma reflexão sobre as experiências compartilhadas da América Latina hoje. A programação segue apostando na diversidade de origens e percursos: artistas em expansão internacional, galerias emergentes, projetos fora dos grandes eixos. E a Bahia sempre presente.>
O Art Basel & UBS Art Market Report revelou que o mercado global de arte movimentou US$ 68,3 bilhões em 2024. O crescimento veio principalmente de transações abaixo de US$ 50 mil — o que mostra uma base ampliada de compradores. As vendas online já representam 18% do mercado. Leilões digitais crescem, mas o presencial ainda domina os grandes valores: 95% das obras vendidas acima de US$ 1 milhão foram arrematadas ao vivo. A tecnologia (como blockchain e realidade aumentada) deve transformar ainda mais o setor em 2025. Mas uma coisa segue igual: a arte continua sendo ativo valioso — cultural e economicamente. E você aí com vergonha de mostrar seu talento.>
O engajamento nas redes sociais caiu. Mas isso não é só sobre algoritmo — é sobre comportamento. As pessoas não deixaram de estar online, só mudaram de lugar: menos palco, mais bastidores. Grupos, DMs, comunidades. É um movimento que tira o foco da comparação pública e aproxima quem realmente se conecta. Em vez de performar, a nova lógica é pertencer.>
Depois de anos de especulação, a Disney confirmou: a sequência de “O Diabo Veste Prada” estreia em 1º de maio de 2026. O novo filme mostrará Miranda Priestly lidando com o declínio da mídia impressa, enquanto enfrenta sua ex-assistente Emily Charlton, agora no topo da publicidade. A trama, ainda sem elenco confirmado, promete trocar a estética aspiracional por dilemas mais reais: poder, reinvenção e autonomia. É uma metáfora perfeita para o momento - quando o prestígio cede espaço para a relevância.>
Seul foi eleita a melhor cidade de lazer da Ásia no prêmio Leisure Lifestyle Awards 2025, superando gigantes como Tóquio e Singapura. Mas isso não aconteceu de um dia para o outro. A capital sul-coreana tem investido, há anos, em cultura, tecnologia e bem-estar — misturando tradição e modernidade sem pressa. Ela não foi a primeira todos os anos. Nem precisou. Vencer agora não invalida os momentos em que ficou em segundo lugar.>
A De Tudo que eu Vejo é uma coluna quinzenal assinada pela jornalista Gabriela Cruz, que no Correio já passou por diversos setores ao longo 18 anos de atuação e hoje é editora de Conteúdo de Projetos no Estúdio Correio. Além de escrever é pesquisadora de tendências e ilustradora no projeto que leva o mesmo nome da coluna. Saiba mais aqui. >