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Ronaldo Jacobina
Publicado em 5 de julho de 2017 às 13:27
- Atualizado há 2 anos
Quase um ano depois de deixar a direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), por discordâncias com o comando do órgão gestor dos museus, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), que autorizou a gravação de um programa do programa Esquenta, da Rede Globo, no complexo do Solar do Unhão, à sua revelia, o artista plástico Zivé Giúdice volta a comandar o espaço a convite do secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal. Ana Liberato, que estava na direção do museu, vai assumir a chefia de gabinete do IPAC. A posse informal do novo diretor do MAM acontecerá amanhã, às 10h, com um abraço simbólico dos artistas ao prédio do museu. Foto: DivulgaçãoCiente das dificuldades que encontrará pela frente em função da paralisação das obras de requalificação desde outubro último, da redução do quadro de pessoal e da falta de recursos para gerir o complexo museológico do Solar do Unhão, o artista garante que trabalhará afinado com o secretário para garantir a retomada das obras que, segundo ele, é de interesse do governador Rui Costa.>
De acordo com o secretário de Cultura, Jorge Portugal, “Zivé Giudice é a cara do Museu de Arte Moderna da Bahia. Houve um ruído, mas está superado e agora o MAM retoma o caminho iniciado da gestão. A volta de Zivé Giudice era um apelo da comunidade artística”, diz.>
Sobre a ocupação do museu por eventos e outros fins, motivo que levou o artista a pedir exoneração do cargo, no ano passado, Zivé Giúdice diz que as artes visuais contemporâneas voltarão a protagonizar o espaço. “Vamos dialogar com as diversas linguagens, para quem o espaço estará aberto sempre, na medida em que estas se afinem com o projeto curatorial que será pensado para o Museu de Arte Moderna”, diz.>
Ainda cuidadoso com as palavras, Giúdice diz que vai tomar pé da situação atual e só depois, poderá falar sobre os projetos futuros para o espaço. Do outro lado, a classe artística comemora o retorno de Giúdice ao comando do MAM.>
O diretor geral do IPAC, João Carlos Oliveira, também comemora o retorno do artista ao comando do museu. “Ficamos muito satisfeitos porque o MAM está em uma ótima fase, com três exposições gratuitas em cartaz, três importantes projetos musicais com artistas reconhecidos nacional e internacionalmente, e recorde nas Oficinas do MAM que tiveram procura de quase três mil pessoas no primeiro semestre, disse.”>
RepercussãoPara o artista plástico Sergio Rabinovitz, Giúdice é a “pessoa certa no lugar certo”. “Estamos comemorando essa volta porque significa a retomada de um projeto que foi interrompido. Zivé foi um dos melhores administradores do MAM, estava fazendo um trabalho importante, num momento em que o museu passava por uma fase difícil. Ele reaproximou esse importante espaço dos artistas locais que fizeram um mutirão para produzir conteúdo para o museu, para pensar conjuntamente. A nomeação dele é o reconhecimento de um erro e a oportunidade de o MAM voltar a ocupar o espaço que lhe é devido”, diz.>
De Brasília, onde está em exposição com sua, o artista plástico, arquiteto e professor Almandrade, a notícia, diz ele, trouxe um alento para a classe artística. “Zivé é um cara articulado, que entende de arte e o trabalho dele à frente do MAM será retomado com o apoio dos artistas”.Para o galerista Paulo Darzé, a volta do artista à direção do museu representa a continuidade de um trabalho exitoso que foi interrompido. “Apesar da falta de verbas, fator que dificulta a gestão de um museu, Zivé estava movimentando a cena artística que estava paralisada. Apaixonado pelo MAM e bem articulado, ele estava com grandes exposições engatilhadas que foram abortadas em função de sua saída. A expectativa agora é que, com a volta dele ao comando do espaço, a arte contemporânea volte a ser movimentada”, diz.>