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Jairo Costa Jr.
Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 07:54
- Atualizado há 2 anos
Meio e mensagem>
Em seu mais político discurso à Câmara de Vereadores desde que tomou posse, o prefeito ACM Neto (DEM) centrou fogo no governo federal e, nas entrelinhas, mandou dois recados ao Planalto. Um, que não espera nada dos cofres da União. Dois, que a administração da presidente Dilma Rousseff (PT) também não espere nada dele. >
Como aconteceu quando o democrata, a pedido do vice-presidente Michel Temer (PMDB), convenceu aliados no Congresso a votar a favor das primeiras medidas do ajuste fiscal. Em aproximadamente uma hora de fala, Neto reafirmou a cobrança de promessas para Salvador não cumpridas por Dilma. >
Lista que inclui a construção de creches, assumida pelo Thomé de Souza, e o projeto do BRT, já no mesmo caminho. "Esperávamos em 2015 obter R$ 553 milhões da União para investimentos na cidade, mas só foram repassados R$ 20 milhões. Assim, praticamente 100% dos gastos com obras de infraestrutura foram sustentados com dinheiro próprio da prefeitura", disse.>
Além de acertar o calcanhar de Aquiles do governo petista – a percepção de que a presidente mentiu na corrida eleitoral de 2014 e fez o que tinha prometido não fazer -, a declaração reforça o mote da última campanha de Neto: a de que a cidade pode andar sem a muleta federal. >
Numa velada ironia, o prefeito ainda anunciou que a dívida da prefeitura com a União estava zerada.>
Prato frioFrente a frente com vereadores da oposição, ACM Neto aproveitou para acertar contas abertas desde a eleição de 2012. E, de quebra, faturou em cima da pérola dos governos petistas. “Na época, meus adversários lançavam boatos afirmando, entre outros absurdos, que eu iria acabar com o Bolsa Família. Pois hoje somos a metrópole brasileira que mais aumentou o número de beneficiários. Com os novos inscritos, Salvador possui 202.915 pessoas incluídas”.>
De leve>
O democrata evitou a todo instante deixar cascas de banana na sua relação com o governador Rui Costa (PT), considerada “difícil” por aliados de um e outro. O governo do estado não aparece em nenhuma linha do discurso do prefeito. >
No entanto, ACM Neto não se segurou ao falar sobre as críticas públicas que recebe de integrantes do Palácio de Ondina. Sem mencionar nomes, disse: “As autoridades estaduais andam desinformadas, talvez ainda estejam acostumadas com a realidade do passado”.>
Tática paralelaIntegrantes do núcleo político do governo Rui Costa querem convencer o chefe a recuar e atender à principal condição imposta pelo senador Walter Pinheiro (PT) para encabeçar a chapa do partido na disputa em Salvador. Além da garantia da candidatura petista ao Senado em 2018, Pinheiro só aceitaria entrar no jogo se o tabuleiro estivesse limpo de nomes da base governista. >
Mas Rui mantém a aposta na pulverização, apesar das discordâncias entre os articuladores da base, para quem o ideal seria concentrar todo o tempo de televisão para um só nome, mesmo que não seja Pinheiro. >
Só assim, acham, o candidato governista poderia bater nos rivais, se defender de eventuais ataques e ainda apresentar propostas. Para eles, do jeito que vai só haverá espaço para dizer “olá e até logo”.>
Na dúvidaDissidente do PSD, o deputado estadual Alan Sanches vai deixar para o futuro suas negociações para mudar de sigla. Sanches decidiu colocar o assunto em banho-maria por causa dos choques de interpretações jurídicas sobre a janela de 30 dias para trocas partidárias aprovada na minirreforma eleitoral do Congresso. >
Há advogados especializados no tema que consideram a regra válida apenas para quem será candidato este ano. Mesmo que a maioria dos juristas ache o contrário, o parlamentar prefere o modo de espera, que pode durar até 2018.>