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Trilhas: anos quatro, qual é a música?

  • Foto do(a) author(a) Aninha Franco
  • Aninha Franco

Publicado em 22 de novembro de 2014 às 04:39

 - Atualizado há 3 anos

Em 1954, Getulio Vargas se matou com um tiro no coração, seu vice, Café Filho, assumiu como 18° presidente do Brasil, antecessor de Juscelino Kubitschek, o presidente dos Anos Dourados, o construtor de Brasília. Naquele ano, um Brasil cantava Bossa Nova e o outro cantava e ouvia Ângela Maria, A Gloriosa,  interpretar Vida de Bailarina, de Chocolate e Américo Seixas. Em 1964, houve a instalação da Redentora, da Gloriosa, da Revolução de 31 de março que, com o passar das décadas, tornou-se o Golpe do Primeiro de Abril. Como a vida não é feita apenas de tristezas, Brigitte Bardot veio desfrutar do Verão em Búzios, e o Carnaval lhe saudou: “Brigitte Bardot, Bardot, Brigitte beijou, beijou, Lá dentro do cinema Todo mundo se afobou. BB, BB, BB, por que é que todo mundo gosta tanto de você? Será pelo pé? Não é. Será pelo cabelo? Não é. (...) Você que é boa e que é mulher, me diga então porque que é!”.

1974 é ano do antológico Elis & Tom, garantindo que “é pau, é pedra, é o fim do caminho”. Mas não era só isso. Era também o Desbunde, a Praça Castro Alves, a Cena Muda de Maria Bethânia; o Cantar de Gal Costa e a proeza de Caetano Veloso com um frevo novo para a Bahia da rua e a Bahia do salão: “A praça Castro Alves é do povo como o céu é do avião, um frevo novo, eu peço um frevo novo, todo mundo na praça, e muita gente sem graça no salão. Mete o cotovelo e vai abrindo caminho. Pegue no meu cabelo pra não se perder e terminar sozinho.(...)”. 1984 não foi o que George Orwell escreveu, em 1946, que seria. Foi as Diretas Já com a Emenda Dante de Oliveira propondo eleições diretas para presidente, rejeitada pela Câmara dos Deputados por 298 votos a favor e 65 contra. Foi a Convenção Nacional do PMDB indicando Tancredo Neves e José Sarney  candidatos a presidente e vice-presidente da República. O Rock in Rio trouxe a alemã Nina Hagen que explodiu o país com seus cabelos vermelhos.

Em 1994, nasceram o Real, o Mercosul, o tetra da Seleção Brasileira de Futebol, Música de Rua, Da Lama ao Caos, o Percpan, Os Cafajestes, Ade-Até e Dias 94. Daniela estava atrás do Ilê: “Eu fiquei zangada nesse carnaval porque não te vi. Onde tu estavas menino, onde tu estavas? Estava atrás do Ilê, menina, estava atrás do Ilê (...).” Chico Science estava atrás de tudo: “Sou eu transistor? Recife é um circuito? O país é um chip? Se a terra é um rádio, qual é a música?” Morreram Tom Jobim, Ayrton Senna, Eugene Ionesco, Elias Canetti, Moacir Moreno e Ápio Patrocínio da Conceição, o sedutor Camafeu de Oxóssi.

Em 2004, o DVD MTV ao Vivo vendeu mais de 700 mil cópias – bons tempos -, e foi o último (?) grande sucesso gravado no demolido estádio da Fonte Nova, em Salvador, para mais de 60 mil pessoas. Artistas provocavam a indústria do Carnaval com uma ameaça: “Quando eu morrer eu não quero ir pro Céu, quero ir prum camarote”. Em 2014, o Brasil recebeu a Copa e perdeu de 7 a 1 para a Alemanha, se dividiu numa eleição guerrilha entre PSDB e PT e anda perguntando: Qual é a música? Qual é a música?