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Aninha Franco
Publicado em 30 de janeiro de 2016 às 05:29
- Atualizado há 3 anos
Atrás do Porto tem uma Cidade. Depois dela, existem outras 416 Cidades que fazem um dos 27 Estados do Brasil. O Brasil é feito por cada uma de suas Cidades, e a Cidade da Baía, finalmente, tem um prefeito gestor, fazendo diferença num território gerido, há décadas, por prefeitos populistas. Um gestor realiza o que os populistas prometem. O Rio Vermelho, inaugurado ontem, está metade feito, confortável e bonito. Espaços descolados substituíram dezenas de armengues e cacetes armados que enfeiavam a área. Durante a requalificação, ouviu-se uma arenga digna das catástrofes de Hollywood, com a composição da bala que matou Kennedy, e o anúncio do terceiro avião do 11 de setembro. O refrão da arenga rimava, continua rimando em (n)ão: depredarão, destruirão, acabarão. Viciados em iniciar frases positivas com advérbios de negação, precisamos achar que sim e desejar que milhares de outras pessoas também achem que sim numa Sociedade que está descobrindo que o gestor municipal deve fazer a Cidade, que o gestor estadual deve fazer o Estado e que gestor federal deve fazer a união. Que fazer é gerir, que prometer é marketing, e que esses verbos só coincidem na terminação em er. >
Passou da hora de construir o Brasil, o que só será possível a partir dos municípios. A partir deles construir os estados e a partir dos Estados construir o país, obra que dezenas de gerações tentam desde que o Brasil colônia se livrou de Portugal. Brasil que ainda é esse que Homero Olivetto – um artista que pensa o que faz - mostrou em seu filme, Reza a Lenda, território controlado por oligarcas como o personagem de Humberto Martins que, com interpretação preciosa, me lembrou Sarney e seus aliados; controlado por místicos oportunistas que me lembraram Edir Macedo e seus aliados; habitado por brasileiros crédulos que ainda não entenderam que santos de barro não fazem chover. >
Que depender de água de chuva é pré-histórico, que morrer afogado por água e lama de barragens dentro de casa é pré-colonial, que pagar impostos exorbitantes por serviços imorais é ditadura de marketing sustentada por gestões em que só as secretarias de comunicação trabalham. >
Confiram o que cada um dos gestores das três esferas acrescentaram ao patrimônio do Brasil nos últimos quatro, oito, doze anos, o estado de conservação das construções e o retorno que a Sociedade obteve delas. É simples e vale pra tudo. Hoje é um dia bom para passear nas orlas que a Prefeitura de Salvador entregou no Rio Vermelho, Barra, Paripe, Ondina e Itapuã.>
Domingo é um dia bom para checar a gestão estadual e a gestão Dilma Roussef de Janeiro de 2015 a Janeiro de 2016. Rever o duelo Dilma x Cunha que, possivelmente, continuará depois do Carnaval, durante o primeiro semestre inteiro, impeachment versus cassação, única realização de 2015, com a qual não se pode produzir, andar a pé ou de bicicleta, concordar, reclamar ou sobreviver. O consolo é que no município de Curitiba, que foi gerido por um prefeito ótimo chamado Jaime Lerner, hoje existe um ótimo juiz chamado Sérgio Moro, que está mostrando ao país que atrás do porto tem uma Cidade.>