Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Neste grave momento da nação, com o tal motorista alaranjado dando perdido sem trazer nada pra nós, com o pessoal do Supremo mais tonto que o peru da véspera e a Avenida Sete em polvorosa, a preocupação que verdadeiramente atinge boa parte do nosso calejado povo é uma só: como se comportar na ceia de Natal diante daquele parente que, nos últimos meses, se mostrou um belo de um cretino (substitua aqui por outros adjetivos pertinentes)?>
Antes de seguir, uma observação importante, que todo mundo já traz no subconsciente, mas sempre vale a pena piscar o letreiro: cunhado nem é parente! Voltemos.>
Depois de amanhã, quando Papai Noel estiver prestes a bater na porta e você for comer a contragosto aquela caçamba de passas que alguém despejou na comida, lembre-se que poucas vezes na nossa trajetória houve oportunidade tão perfeita pra gerar cizânia. Importante ter em mente que não há mal algum nisso, pois toda história só é movida por conflitos.>
Quando o debate político estiver bem acalorado, caro leitor ou bela leitora, aproveite para usar argumentos que desmoralizam qualquer pessoa.>
É neste momento que você pode jogar na cara de alguém, por exemplo, que aquele indivíduo defende o escanteio curto como “jogada ensaiada”. Ou sai dizendo por aí que o time contratou um “volante que sabe jogar”. E entende que, para a próxima temporada, a diretoria deve contratar uns dois “atacantes de beirada”.>
Como se sabe há muito, a expressão “volante que sabe jogar” ganhou vida para definir aquele jogador da posição que, além de desarmar o adversário, tem capacidade de armar jogadas - poucos correspondem à descrição. Na verdade, a maioria não consegue sequer marcar (e os times baianos adoram uns volantes que parecem atuar com dengue, sob a desculpa de que o sujeito “sabe jogar”).>
O “atacante de beirada”, por sua vez, é aquele que - salvo raras exceções - não faz gol, nem dribla, nem constrói jogadas pela ponta, nem cruza bem, nem volta para ajudar na marcação e nem deveria ter virado jogador profissional.>
Parente que enche a boca, em plena reunião de Natal, para querer discursar usando expressões desse tipo, tem mais é que ser publicamente constrangido mesmo. Estes só perdem para aqueles que, de uns anos pra cá, resolveram reverberar modismos como “volância” e “momento defensivo”. Para esses, só um bombardeio de passas!>
Estabelecida a discórdia, pode comer com a consciência tranquila. Vá por mim que é melhor resolver tudo agora do que guardar para a Páscoa. Daqui até lá, você vai ter muito mais a dizer. Sobre o campo de jogo ou a vida, o que dá mais ou menos no mesmo.>
Quem é? Imagine aí um amigo secreto com a presença de certo dirigente baiano. Começa a brincadeira e quem tirou o nome do cartola no sorteio tem que dar as informações para as pessoas adivinharem quem é: contratou Pedro Botelho! Acabou com o basquete! Cruzou os braços quando o time abandonou um jogo! Se deixou dominar pelos jogadores! Não sabe para que lado vai!>
É também uma forma de agitar a confraternização.>
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.>