Victor Uchôa: sem limites

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  • Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2015 às 02:37

- Atualizado há um ano

Faltam alguns minutos para começar o Ba-Vi. Na Fonte Nova, um garoto com seus 13 ou 14 anos está sentado na área reservada a um dos camarotes. Traja a camisa do Vitória. De súbito, toma um banho de cerveja. O agressor? Um idiota qualquer vestindo a camisa do Bahia.Testemunhas da cena, torcedores do Bahia tentam inibir mais agressões. Argumentam que o garoto (13 ou 14 anos, repito) está no camarote, um espaço privado, que todos ali são convidados dos proprietários e que aquela área não entra na divisão de 90% dos ingressos para os mandantes e 10% para os visitantes. Dos camarotes próximos, surgem outros torcedores do Bahia e do Vitória pregando o óbvio: é possível conviver bem com quem tem uma opção diferente. Nada toca os idiotas.Vendo o burburinho, mais deles se juntam. A turba quer porque quer que os rubro-negros deixem todos os camarotes. Uns jogam cerveja e tentam invadir os espaços delimitados. Fazem ameaças, chamam para a porrada, xingam mulheres, berram asneiras na cara de idosos e ofendem com veemência os tricolores que insistem em defender o óbvio: no estádio se deve torcer e fazer gozação, não brigar.    A menos de 20 metros da triste cena, uma equipe da Polícia Militar assiste a tudo como se acompanhasse um programa do Animal Planet: os predadores estão prestes a atacar em bando, mas, do sofá de casa, não se pode fazer nada pela presa. Só após insistentes chamados, os policiais chegam à zona da discórdia. O líder da patrulha faz cara de paisagem, diz que não há como conter a turma enfurecida e propõe o brilhante desfecho: “se” alguém for agredido presta uma queixa na delegacia do estádio e então a PM age. Não ria.No meio dos inflamados, há um que se diz conselheiro do Bahia. Sob o seu ponto de vista, tal posição lhe daria a prerrogativa de poder “exigir” a saída dos rubro-negros de todos os camarotes da Fonte Nova. Com olhos de possesso e as veias do pescoço prestes a explodir, brada que o estádio é dele e que “filho da puta tem que sair na marra”. Mais uma vez, tricolores tentam lhe mostrar o óbvio: nos camarotes, seus gritos valem tanto quanto nada. Como os PMs mais próximos seguiam de folga durante o expediente, coube aos seguranças da Arena Fonte Nova o papel de dispersar a horda. Antes que a bola rolasse, os machões voltaram aos seus lugares, não sem antes fazer tenebrosas juras a rubro-negros, seguranças, outros funcionários do estádio e tricolores esclarecidos que saíram de seus cuidados para apontar o óbvio: é grave o problema de quem não consegue assistir a uma simples partida de futebol ao lado de um torcedor do time rival.Tudo isso aconteceu na minha frente. Não vi, entretanto, a briga que terminou com feridos e intervenção da polícia, envolvendo tricolores que estavam no Lounge Premium e rubro-negros de algum camarote.O acesso ao Lounge Premium, sabemos, custa caro, caríssimo, prova de que a idiotia não está relacionada a peso da carteira, cor, cargo ou credo. A idiotia também não é exclusiva. Existem, óbvio, rubro-negros que sabem torcer lado a lado com o rival e rubro-negros idiotas. Há idiotas de todas as matizes.  A idiotia toma a sociedade de assalto, aparece na TV, uiva no meio da rua, atualiza as redes sociais, briga por mais espaço, pode andar de farda e ser eleita pelo povo. A idiotia discursa bonito pela ética e pela moral, mas incorre em delito na primeira oportunidade. A idiotia não tem vergonha, fala grosso, acha que pode resolver tudo na força e se gaba cada vez que vemos um idiota sendo idiota e ficamos calados. A idiotia quer sempre mais. Ela quer te pegar. Proteja-se. A idiotia desconhece limites.