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Xico Sá: a melhor sogra do mundo

  • D
  • Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2010 às 09:59

 - Atualizado há 2 anos

Agora, amigo, durante os festejos de fim de ano, a gente encontra mais a sogra do que nunca, não é verdade? Como o futebol já se foi por este ano, permita-me tratar desse nobre e indispensável assunto.

Folclorizada no último, espécie de bumba-meu-boi dos casamentos, a sogra sempre foi motivo de chacota e demonização nos lares doces lares. Óbvio que há um maligno inseticida do exagero pulverizado sobre a mãe das nossas mulheres, mas, convenhamos, as referidas senhoras estão longe de obter o alvará de soltura e de inocência neste debate.

O problema é sério e universalíssimo. A mãe da cria das nossas costelas age da mesma forma em qualquer parte do planeta. Seja na Suécia, em Uauá, Itabuna, Juazeiro ou no reino dos esquimós e avatares.

Viram só a iniciativa da Igreja Católica na Itália? Começou a tentar reeducá-las, em nome da manutenção dos casamentos e da paz dos casais.

O curso para as queridas sogras começou na cidade de Udine, no norte. A tendência é que o Vaticano o estenda pelo mundo inteiro - breve na sua paróquia.

Nunca cheguei a ter uma dona Olímpia como sogra, mas, amigo, não tenho grandes queixas de nenhuma delas, sempre me alimentaram com bons caldos e sopas e até riram generosamente das minhas pilhérias sem graça nos almoços dominicais.

Dona Olímpia, amigo, prazer em apresentá-la, foi a melhor sogra do mundo, a única perfeita, aquela que descobriu a forma de fazer filha e genro felizes. A distinta senhora, reza a lenda, existiu de fato e se transformou em uma personagem maravilhosa do Livro de uma Sogra (editora Casa da Palavra, RJ), do escriba Aluísio de Azevedo, aquele mesmo autor de O Mulato e O Cortiço, tão obrigatórios nas escolas e nos vestibulares.

Com a sua sogra exemplar, no entanto, o maranhense é divertidíssimo. Livraço. Olímpia, ainda no remoto 1895, sabe tanto das coisas que sempre trata de separar, com pequenas viagens e obrigações nada chatas, a sua filha e o consorte. Tudo para que nunca caiam na rotina acachapante. A boa velhinha está sempre atenta para livrar o casal de qualquer chateação, inclusive resolvendo ela mesma os pequenos problemas de economia doméstica. Um doce.

Olímpia, que já havia passado por um casamento desastroso, fastio danado, cuida até em reduzir a solenidade da lua de mel, orientando os recém-casados a se embriagarem sem a obrigação do grande coito na noite inaugural. A consumação do amor, segundo ela, não poderia ser algo burocrático e abrupto, viria num crescendo de beijos e ternuras até uma explosão naturalíssima. Feliz Natal e uma sogra cada vez mais decente, amigos!

XICO SÁ é jornalista, autor de Chabadabadá -Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha.