A máscara não está só: protetores faciais começam a invadir as ruas de Salvador

Face Shields estão sendo adotados pelos soteropolitanos; entenda seu uso

  • Foto do(a) author(a) Giuliana Mancini
  • Giuliana Mancini

Publicado em 2 de junho de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

As máscaras faciais não estão mais sozinhas. De uma hora para a outra, elas começaram a ganhar um 'companheiro' na luta contra o novo coronavírus: as Face Shields. Os protetores, que oferecem uma cobertura do rosto todo, já eram usados amplamente nos hospitais ao redor do mundo. E, com o avanço da covid-19, passaram a ser exibidos também fora das únidades de saúde.

Uma passada pela Pituba, bairro que tem o maior número de casos confirmados da doença na cidade, de acordo com a última atualização da Secretaria Municipal de Saúde [eram 136 até a última quarta-feira (27)], e dá para ter uma noção de como o equipamento virou queridinho. Mas não é só pelas ruas de Salvador que é possível se deparar com o protetor. Algumas empresas, como a Ferreira Costa e a Perini, também passaram a adotar o item para seus funcionários.

"Fizemos isso com o objetivo de dar mais segurança ao nossos colaboradores e clientes, assim com a implantação da placa de acrílico nos caixas. É uma medida extra, além das 40, que adotamos por determinação dos órgãos de saúde. Padronizamos o uso e a demanda por esse produto em nossa loja é muito grande", disse o gerente geral do Home Center Ferreira Costa, Pedro Souto. Foto: Arquivo CORREIO Para Eduardo Marinho, engenheiro de segurança do trabalho e professor da disciplina segurança, meio ambiente e saúde do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), a ideia dessas empresas é válida.

"É uma proteção a mais aos funcionários, que lidam com público geral todos os dias. O equipamento possibilita que as gotículas de clientes não atinjam a região ocular dos trabalhadores", afirmou.

Encontrar um Face Shield para chamar de seu é facil - e o CORREIO te dará uma ajudinha. Em uma parceria com a empresa Protege, protetores faciais serão dados para quem fizer novas assinaturas. Quem assinar o digital semestral receberá um protetor facial, enquanto quem assinar o impresso mais o digital trimestral ganhará dois equipamentos. Clique aqui para assinar.

"É uma parceria muito bacana, vamos, juntos, ajudar a mais pessoas terem acesso ao equipamento. É uma atitude nobre do CORREIO", comemorou Angelo Chaves, sócio da Protege. As Face Shields começaram a serem fabricadas pela emresa desde o início de abril e, quando as vendas foram iniciadas, no dia 20 do mesmo mês, já viraram um sucesso.

"Antes, o protetor era visto só na área médica, mas estamos vendendo não só para profissionais da saúde como para várias outras frentes. São trabalhadores que atendem público em geral, como funcionários de mercados, postos de gasolina, bancos, funcionários da área de TI... É o nosso carro-chefe", disse Angelo. 

Os Face Shields da Protege são feitos com PETG, o que, segundo o empresário, garante "a melhor qualidade possível em nitidez e transparência, gerando uma ótima visibilidade". De acordo com Angelo, toda a fabricação é feita de acordo com as normas da Anvisa. 

Para quem quiser comprar a Face Shield, os modelos estão disponíveis no site da Protege (protegeface.com.br), por R$ 35.

Sempre unidos Nada de sair andando com o protetor facial e esquecer da máscara comum - aquela feita de tecido ou descartável, que protege nariz e boca -, ok? De acordo com o médico infectologista Fábio Amorim, a Face Shield não substitui o uso da companheira.

"Nos hospitais, usamos a Face Shield associada à [máscara] N95. Enquanto a máscara filtra as partículas tipo aerossóis, a Face Shield impede o contato. O protetor facial é voltado para os procedimentos em que há o risco do profissional de saúde ser atingido na face", explicou.

Assim como as máscaras, o item precisa ser higienizado, o que pode ser feito pelo próprio usuário. Segundo a infectologista Ceuci Nunes, é possível fazer isso usando uma mistura de água sanitária ou hipoclorito de sódio com água, ou até mesmo borrifando o álcool 70% - mas lembre-se sempre de usar um pano limpo.

Profissionais da saúde alertam A limpeza, aliás, é onde mora o perigo da Face Shield. Se não for feita corretamente, pode acabar tendo o efeito contrário ao desejado - ao invés de proteger, pode acabar contaminando a pessoa que a utiliza.

"Eu tenho um ritual no hospital para colocar o protetor facial. Lavo as mãos antes, coloco luvas, lavo o protetor. Para tirar, o mesmo. Mas não sei se todas as pessoas teriam esse mesmo cuidado. Quando há qualquer contato no equipamento, como quando alguém tosse nele, tiro assim que possível e higienizo. Assim como toda vez que termino de usá-lo", alertou Fábio Amorim.

De acordo com o infectologista, nada de ficar para cima e para baixo com o item e negligenciar seu uso. É preciso sempre tomar os cuidados devidos. 

"No hospital, tenho a certeza que deixarei a Face Shield limpa -  assim como outros itens de proteção - e guardada dentro do meu armário. Mas sei que nem todo mundo fará isso. Não sei se as pessoas irão higienizar constantemente, nem se não vão deixar os protetores usados, não limpos, no banco do carro ou em algum lugar da casa... A Face Shield pode causar uma falsa sensação de proteção àquela pessoa, que, por sua vez, pode esquecer da manipulação correta. Não guardou corretamente, não limpou corretamente? Pode acabar se contaminando", alertou o infectologista.

Segundo Eduardo Marinho, o ideal seria que o usuário lembrasse de higienizar a máscara não somente depois de usá-la, como também antes. "Também é preciso ter cuidado com o 'tira' e 'bota'. Não se retira a Face Shield pela parte de acrílico, na frente. É preciso pegá-la pela estrutura. Se tirar pela frente, por exemplo, sua mão pode ser contaminada. Essa mão coça o olho, o nariz... É preciso ficar muito atento a isso".