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Afrofuturismo no presente: iniciativas que fazem de Salvador um polo de luta antirracista

Nos últimos dois meses, cidade recebeu festivais como o Afropunk, Afrofuturismos e agora terá o Salvador Capital Afro

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 06:00

. Crédito: Foto: Matheus Leitte

Festival Afropunk, Festival Afrofuturismo, Festival Salvador Cidade Afro, Afro Fashion Day e tantas outras iniciativas surgem e aquecem o mercado negro em Salvador.  Aqui, mercado negro não é sinônimo de coisa ruim - muito pelo contrário. É coisa boa, que contribui para o desenvolvimento da cidade em vários sentidos, da atração de negócios e pessoas de fora até a autoestima, oportunidades e desenvolvimento de quem está por aqui.

Nesta quarta-feira (30) começa o Festival Salvador Capital Afro, evento inédito em cultura identitária que busca fazer da capital baiana um pólo do turismo negro. Serão cinco dias de experiências com o objetivo de conectar o público e fortalecer a economia criativa, música, audiovisual, afroturismo e políticas antirracistas de Salvador. 

O festival conta com shows, apresentações de experiências e manifestações artísticas  e proporcionará ações de relacionamento e diálogo nas esferas da política pública, econômica, educacional e cultural, visando alavancar o afroempreendedorismo e o  trade turístico afro. 

Durante o evento, serão promovidos encontros entre especialistas locais, nacionais e internacionais para debater estratégias antirracistas e apresentar iniciativas de conexão entre empresas, investidores e consumidores, por meio de rodadas de negócios, mentorias, oficinas, feira e muito mais.

Nova Salvador

 Uma das sedes do projeto é a Vale do Dendê, negócio de impacto social que fomenta ecossistemas de inovação e criatividade. A iniciativa surgiu em novembro de 2016 com um workshop que reuniu representantes de  empresas e instituições. Co- fundador da Vale, o empresário Paulo Rogério teve seus primeiros contatos com a ideia de afrofuturismo em 2004, na Alemanha.

“O tema era de 1984 a 2004, da Conferência de Berlim ao Afrofuturismo. Conheci muitos ativistas, tecnólogos e aí tive o primeiro contato e comecei a pesquisar sobre esse movimento estético, cultural, que tem a ver com música, artes, tecnologia, filmes”, recorda Paulo, antes de explicar que o conceito de afrofuturismo passa pela projeção de uma nova realidade, “um futuro que a gente deseja e acredita”.

Paulo destaca que a ideia tem a ver com projetar uma nova Salvador, com a população negra mais representada na mídia e na tecnologia. “O futurismo é associado a grandes centros de pesquisa, universidades de prestígio, fóruns como o Davos, na Suíça, e quase sempre a população negra está fora dessa conversa. Nosso objetivo aqui é aproximar esse conceito das populações de origem africana”, completa. A Vale do Dendê vai receber um total de 10 oficinas durante o evento. As primeiras são as mentorias de projetos Globo e SCA de empreendedorismo, quinta-feira (1) das 9h às 17h. 

Pelo mundo

Jornalista de formação,  Antonio Pita mudou os rumos de sua carreira para fundar o Diaspora.Black, empresa que promove o conhecimento de lugares, pessoas, histórias e patrimônios da população negra, com atuação em 18 países e 145 cidades, com destaque para Colômbia, França, Estados Unidos, Angola e Moçambique. Pita vai participar do Painel Afroturismo: Salvador na rota da Diáspora, quinta (1), às 9h, no Palacete Tira Chapéu.

Baiano, ele fala que viajar é uma importante maneira de aumento de autoestima das populações negras e que sua plataforma é importante para disseminar a valorização das raízes negras, a diversidade e não discriminação.

"Temos o desafio de fazer as pessoas entenderem que não estamos falando de uma história nossa, de um grupo, é a história do Brasil. Fazer esse tipo de revisão é uma maneira de pensar em novos jeitos de lidar com o passado, agora, no presente, e construir melhores realidades negras para o futuro", disse Pita ao relacionar o afroturismo e o afrofuturismo.

Coordenador de Projetos e Políticas de Reparação da Semur, Secretaria Municipal de Reparação da Prefeitura de Salvador, Alison Sodré explica que esse tipo de movimentação traz luz a uma história que foi apagada e conseguiu ser reescrita, ou escrita em alguns casos, com muita luta dos movimentos negros organizados.

"O afroturismo é a busca desses elementos retirados de África, valorizando os processos plurais e culturais que Salvador conseguiu guardar. Relacionar com o afrofuturismo é pensar num futuro em que nossos elementos ancestrais sejam respeitados, para que a gente se posicione como indivíduos de direito, coisa que nos foi negada", explica.

Para ele, a política racial precisa ser verticalizada em todos os âmbitos sociais, inclusive na gestão pública. "Isso é um erro. É preciso evidenciar nossas potências em plataformas como o Salvador Capital Afro, o Afropunk, o AFD, evidenciando não só a questão estética, mas a ideia de que nós podemos compor o modelo social. A partir desse momento, a gente fortalece ações e interações, sem deixar que o colonizador branco traga a narrativa que sempre trouxe ao que é nosso, de que somos feios, inferiores ou temos que ficar invisíveis, longe dos postos de protagonismo e decisão", conta.

"Todos os nossos produtos culturais são pretos, só nunca tiveram a evidência aos pretos não como prestadores de serviços, mas como protagonista. Salvador mantém vivo elementos de uma África perdida. Assim, não só fomentamos uma cadeira financeira, mas ajudamos a cidade a entender que sua maior força é a sua população, a sua maioria. É um trabalho de reparação de um erro histórico."

Diretor de criação do Afropunk, Bruno Zambelli explica que a Bahia tem dentro de si a capacidade de absorver elementos que vêm do exterior, abrigar e devolver algo com características próprias. Isso vale desde a recepção a pessoas até mesmo em elementos criativos como a música ou as artes.

Ele acredita que iniciativas afrofuturistas, para além da criação de universos imaginários, fazem com que a população preta possa sonhar e pavimentar mundos sob suas próprias narrativas - longe do racismo, por exemplo. 

"Vejo o Afropunk como algo que a Bahia sempre teve. O Afropunk assinou uma identidade, usando uma força do mundo afrodiaspórico. A gente se comunica com várias diásporas, em como elas trazem seus conceitos de afropunk e mostramos como é o nosso Afropunk. Isso tem uma força gigante, só demos o nome".

Ver todas essas iniciativas prosperando na cidade faz com que Zambelli projete uma caminhada para o povo preto. Ele indica que é sinônimo de que, apesar do mundo ainda ter muito a lutar contra o racismo e suas estruturas, há mais vozes negras ecoando e produzindo. E deseja que isso se multiplique, crescendo até que os mundos distantes de um afrofuturismo sonhador se façam cada vez mais presentes. Para isso, é preciso agir agora.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO ABAIXO:

DIA - 30/11

9H, no Cine Metha Glauber Rocha, Praça Castros Alves

 Abertura oficial da 1ª edição do Festival Salvador Capital Afro

Como: Ato institucional, apresentação do Coral Ecumênico da Bahia

Quem: Prefeito Bruno Reis, vice–prefeita Ana Paula Matos, subsecretário de Turismo e Cultura Érico Mendonça e secretária de Reparação Ivete Sacramento.

16H30, no Cine Metha Glauber Rocha, Praça Castros Alves

Painel Cidades Antirracistas

Quem: mediadora e apresentadora Rita Batista, participantes: Oilda Rejane da Semur, Judith Morrison do BID, Aládia Araújo da Rede Cidades Antirracistas do RJ, Helena Oliveira UNICEF e Hélio Santos do Oxfam.

19H, no Pátio da Barroquinha

Show de abertura ‘Nelson Rufino convida Juliana Ribeiro’

 DIA - 01/12

9H às 11H, no Las Bonfim

Painel Exportação da Música:  Tulani Nascimento, Fernando Souza da Casa da Música do Porto, Lú Araújo do Festival MIMO, Silvia Guevara do Conga Booking e muitos outros.

9H às 12H e das 14H às 17H no Vale do Dendê/sala do Mungunzá

Oficina audiovisual: Mentoria de projetos Globo

9H às 12H e das 14H às 18H,  no Vale do Dênde/sala do Vatapá

Mentoria SCA de empreendedorismo

9H às 12H, no Palacete Tira Chapéu 

Exposição Afrotonizar

9H às 10H, no Palacete Tira Chapéu

Painel afroturismo: ‘Salvador na rota da diáspora: Antonio Pita, Adama Bah, Nilzete Santos, Ana Copete e muitos outros.

10H às 12H, na Ladeira do Couro

Rolê SCA com Aya Tour - Ladeira das Memórias

11H10, no Las Bonfim

Oficina criatividades: Comida, sociologia e ancestralidade com o Chef Matheus Almeida

14H às 15H, no Las Bonfim

Painel de Música: Do Brooklyn a Salvador: identidade e pertencimento com o Afropunk Bahia

15H10 às 16H10, no Las Bonfim

Oficina de beleza e moda: tranças e penteados

14H às 14H50, no Palacete Tira Chapéu

Festival Humor Negro com Val Benvindo e Sulivã Bispo

15H às 16H30, no Palacete Tira Chapéu

Painel criatividades: Criadores de Novas Narrativas com mediação de Mycra Alves, Thiago Romero do Projeto Querino, Simone Costa da Casa das Histórias de Salvador, Maurício Pestana da Revista Raça e muito mais.

18H às 22H, no Largo Terreiro de Jesus

Showcases: Cronista do Morro, Aguidavi do Jêje, Udi, Cabocaji e Gab Ferruz.

 DIA - 02/12

8H30 às 9H30, no Vale do Dênde/ sala Mungunzá

Oficina de moda e beleza: turbantes e amarrações com Negra Jhô

9H40 às 10H40, no Vale do Dênde/ sala Mungunzá

Oficina de dança: Balé Afro com Nildinha Fonseca

10H50 às 11H50, no Vale do Dênde/ sala Mungunzá

Oficina de artes visuais: Arte de rua com Eder Muniz/Calango

9H às 10H30, no Palacete Tira Chapéu

Painel audiovisual: Construção e uso de memórias da população negra

10H50, no Palacete Tira Chapéu

Painel de empreendedorismo: ‘O ouro da casa’, com Gabriel Leal da Inventivos, Igor Rocha do Afrosaúde, Gustavo Alves do Amores Sonoros e Lorena Ifé do Afrodengo/SA.

10H às 12H, no Vale do Dendê/sala do Vatapá

Painel criatividades: Comunicação e Diversidade, com mediação de Mycra Alves, Isabel Aquino do Projeto Todxs, Nadine Nascimento do Alma Preta e muitos outros.

18H às 21H, no Largo Terreiro de Jesus

Showcases: Samba Ohana, Irmãos do Couro, Samba Fogueirão e Gal do Beco

 DIA - 03/12

9H às 12H e das 14H às 18H, no Vale do Dendê/sala Mungunzá

Mentoria de Afroturismo - LAB SCA

10H às 12H, no no Vale do Dendê/sala Vatapá

Painel empreendedorismo: Como incentivar o consumo no ano inteiro.

9H às 11H, no Vale do Dendê/auditório 1ª andar

Painel afroturismo 3: ‘Práticas antirracistas no trade turístico'

9H às 10H30, no Palacete Tira Chapéu

Talk com a embaixadora de gana Abena Busia*

9H às 12H e das 14H às 17H na Praça da Sé

Feira Varejista AfroBiz

16H às 18H, no Las Bonfim

Talk empreendedorismo: ‘Como tirar sua ideia do papel com Monique Evelle’*

14H às 15H30, no Vale do Dendê/sala do Vatapá

Painel de criatividade: Salvador, patrimônio e gestão cultural com Chico Assis e Vaner Rocha.

14H às 15H30, no Palacete Tira Chapéu

Talk: ‘Salvador pelo projeto de futuro das mulheres negras, com Dayse Sacramento’ dos Diálogos Insubmissos e a Dra. Livia Santana Vaz

16H às 17h30, no Palacete Tira Chapéu

Painel ‘Salvador e Memória’, com Tiganá Santana, Urânia Munzanzu e Antonio Olavo 

17H às 21H, no Largo Terreiro de Jesus

Showcases: Ravi Lobo, Dão, Melly, Danzi, Prince Addamo e Panteras Negras*

DIA - 04/12

9H às 12H e das 14H às 17H, na Praça da Sé

Feira Varejista AfroBiz

9H às 10H e das 10H às 11H, no Largo Terreiro de Jesus 

Oficina infantil 

10H às 12H e das 14H às 17H, no Largo Terreiro de Jesus 

Tendas temáticas para infância

10H às 12H, no Largo Terreiro de Jesus 

Apresentações infantis: Sarauzinho da Calu, Lilica, 

15H30 às 17H30, no no Largo Terreiro de Jesus 

Apresentação musical com Xarope MC e Aspiral do Reggae

18H às 20H, na Praça da Cruz Caída

Show de encerramento com Larissa Luz, Russo Passapusso, Lazzo Matumbi, As Ganhadeiras de Itapuã e Hiran.