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Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 16:41
- Atualizado há 2 anos
Um mergulho no simbolismo de um dos amuletos mais populares que conhecemos no ocidente e a busca da atualização de seu significado em mãos afro-atlânticas. Quem diria que uma simples figa poderia dar tanto pano pra manga? Pois é essa a ideia da exposição do artista visual Roque Boa Morte, que abre as portas logo após o Natal, a partir do dia 26 de dezembro, no Espaço Cronópios, no Santo Antônio Além do Carmo.>
A exposição é formada por onze fotografias coloridas e uma em preto e branco - todas inéditas e que retratam as figas humanas afrodescendentes adornadas com jóias e ignos que contam itans e orikis identificadores de arquétipos das divindades africanas e seus filhos.>
A cradora e gestora cultural Juci Reis diz que os gestos captados possibilitam uma observância para ir além da representação, insinuando a transposição de potências, a materialização do sentido ritual da figa. "Cada imagem é uma mediação litúrgica, um lugar para sentir, então: sinta! Se permita sentir a imagem", avalia.>
O processo de produção das obras, que contou com pesquisa da tradição oral e fontes bibliográficas, documentado em audiovisual e registros escritos, contou com a colaboração de integrantes de duas grandes casas de Candomblé Ketu, uma do Recôncavo, Ilê Axé Ojú Onirê, em Santo Amaro da Purificação onde o fotógrafo nasceu, e outro de Salvador, Ilé Íyá Omi Áse Ìyámase (Gantois), onde o autor mora.>
Para Roque Boa Morte suas obras “prestam ao resgate e atualização das cosmopercepções dos nossos antigos. A forma como eles experimentavam a vida, para além do que está posto materialmente. Todo meu trabalho é conduzido por memórias, como propõe Sankofa - mirar o passado, com os pés no futuro e o corpo no presente". >