Em entrevista exclusiva, Sérgio Soares fala sobre demissão, más contratações e insatisfação de atletas

Técnico foi demitido após 62 jogos, com 29 vitórias, 20 empates e 13 derrotas

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  • Fernanda Varela

Publicado em 7 de outubro de 2015 às 21:18

- Atualizado há um ano

O destino de Sérgio Soares já parecia traçado. Antes mesmo do empate com o Paysandu na terça, a saída do técnico já era dada como certa. Apito final, demissão concretizada. 

O que já era esperado pegou o treinador de surpresa. “Não estava sabendo de nada em relação à demissão, pelo contrário. O que sempre chegou para mim foi sobre sequência do trabalho. Me pegou de surpresa, porque internamente não se falava nessa possibilidade”, conta o ex-comandante tricolor, por telefone, ao CORREIO.O sentimento é uma mistura de tristeza e frustração. “Saio chateado, mas entendo a decisão do presidente. Fizemos um trabalho de respeito no Bahia e deixo o clube  brigando ponto a ponto pelo acesso. Não estou feliz de sair, mas não tenho queixas a fazer”, analisa.Sérgio deixou comando do Bahia após sequência sem triunfos (Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO)Não foi apenas a despedida do comando técnico do Bahia que mexeu com Sérgio Soares. Um sentimento de “déjà vu” tomou conta do treinador. No ano passado, ele também foi campeão estadual com o Ceará, vice da Copa do Nordeste, virou  o turno da Série B no G-4 e foi demitido na 31ª rodada, uma a mais que no Bahia.Inevitável que as lembranças venham à tona. “Lembrei  sim, do que aconteceu no ano passado, e fiquei muito frustrado. A história se repetiu. Campeão estadual, perder na final da Copa do Nordeste e não ficar no comando do time até o fim. É algo para eu pensar e me cercar melhor. O Ceará acabou não subindo, espero que o Bahia faça diferente”.

O motivo da demissão ainda é uma incógnita para Sérgio Soares, mas o técnico diz não acreditar que a culpa seja a escalação de João Paulo Penha no time, fato muito criticado por torcedores antes mesmo do duelo acontecer.“Não enxergo um fato, uma gota d’água. Não errei ao escalar o João Paulo Penha. Ele foi muito bem no jogo e todas as chances de gol foram dele. Se eu fui demitido por causa de um jogo ou da escalação de um atleta específico, então eu teria que sair mesmo. Não é esse tipo de lugar que eu quero para trabalhar. Mas não acredito que foi o caso”.

Contratou malSérgio Soares apontou que o Bahia deixou a desejar nas contratações. “Não me arrependo de nada. Tenho uma filosofia de trabalho, que é de dar oportunidade à base, mas eu tinha limitações de elenco. O Bahia poderia ter se reforçado melhor”, constata. “Precisávamos de jogadores mais experientes, de perfis diferentes. O time não tem um único atacante de velocidade.  Já Yuri, que é um volante de marcação, precisa sair da contenção para ajudar lá na frente. Existem carências”, pontua.Questionado sobre a possível insatisfação de alguns atletas, Sérgio é curto e grosso. “Como é que jogador pode estar desmotivado se está recebendo em dia e jogando por um time com uma tradição enorme? Se tem alguém desmotivado nesse elenco, não serve para estar no Bahia. Pode ficar insatisfeito e fazer cara feia quando vai para o banco, mas desmotivado?”.

Sérgio quer distância dos gramados, ao menos por enquanto. Agora, só pensa em descansar e se recuperar de um ano que avalia como “muito estressante e desgastante”.Nesta quarta, a diretoria efetivou o auxiliar Charles Fabian como técnico tricolor. Faltam oito rodadas para o fim da Série B e o Esquadrão está em 6º, com os mesmos 48 pontos do Santa Cruz, 4º colocado.