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Curso da PM reúne torcidas organizadas para diminuir violência

Projeto da Polícia Militar terá encontros com os integrantes de torcidas organizadas da Bahia

  • Foto do(a) author(a) Maryanna Nascimento
  • Maryanna Nascimento

Publicado em 9 de setembro de 2017 às 14:18

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Imagine um encontro entre membros de torcidas organizadas do Bahia e do Vitória. Caso o primeiro pensamento seja uma cena com gritaria, xingamentos ou qualquer tipo de agressão, você errou. Na manhã deste sábado (9), cerca de 30 deles se reuniram para fazer justamente o contrário: aprender a como se comportar nos estádios. Tudo graças ao ‘Torcida Legal’. Pioneiro no país, o projeto pretende fazer encontros quinzenais com os integrantes de todas as torcidas organizadas da Bahia. A iniciativa é do Batalhão Especializado de Policiamento de Eventos (Bepe), da Polícia Militar. 

Um dos motivos que levaram à criação do projeto foi a ocorrência de violência em jogos de futebol na capital. Em 2012, quando o Bepe foi criado, tinham sido identificados 120 casos; no ano seguinte, houve um decréscimo de 49% e em 2014 também houve redução - 33 ocorrências. Por outro lado, em 2015 e 2016, comparado aos dados de 2014, os registros cresceram. Segundo o capitão da Polícia Militar Anderson Ubiratan, o objetivo é que esses registros de violência não aumentem. “Já cresceram um pouco, mas vamos parar por aí. Vamos voltar a decair”, promete.

Segundo o capitão, a expectativa é que, em dois anos, o programa capacite em torno de 6 mil torcedores organizados - a cada quinzena é esperado que entre 40 e 120 torcedores participem do projeto. “Nos encontros, eles vão aprender coisas que servirão para eles como cidadãos, o que vai desde noções de direito penal a gerenciamento de crises em eventos, qual comportamento deve ser adotado”, diz o capitão. Além disso, os torcedores também conhecerão os planejamentos de segurança da Polícia Militar em dias de jogo e terão a oportunidade de ouvir o ponto de vista dos seguranças dos próprios clubes. 

Ba-Vi

Em 2013, Luciano Venâncio, presidente da torcida organizada Bamor, teve o hotel onde estava invadido. À época, ele tinha ido assistir à Copa Sul-Americana na capital paulista, onde o Bahia jogou contra o São Paulo. “Além de ser por motivo de torcida, era também por sermos nordestinos”, explicou. Hoje, ele leva o incidente como aprendizado e foi um dos que dedicaram a manhã para a capacitação. “A iniciativa é muito importante para o torcedor conhecer os seus direitos e deveres”. A pretensão de Luciano é convidar aqueles que se envolveram em atos de violência para serem “reeducados” pelo ‘Torcida Legal’.

Também torcedor do Bahia, o diretor do Movimento Turma Tricolor, Paulo Araújo, nunca foi vítima de violência, mas já presenciou. “Há pouco tempo, um amigo se envolveu em uma briga de estádio. Fiz o trabalho para tirar ele desse caminho e hoje ele está mais tranquilo”, contou. Segundo Paulo, a torcida organizada tem um ano em prática e são cerca de 30 a 40 membros ativos. A pretensão é que todos participem do treinamento. “Temos a ideologia de paz, ambiente familiar. Afinal, o que importa é apoiar o Bahia e o futebol precisa ser algo sadio”, disse.

Com a camisa dos Imbatíveis, Wagner Lima, diretor administrativo da torcida organizada do Vitória, disse que “o verdadeiro lugar do torcedor é na arquibancada, apoiando o clube do coração”. Violência, ele já viu, mas diz que isso tem em qualquer lugar e não é algo único do futebol. “É um problema do governo que não dá a segurança devida e também de algumas pessoas que têm problemas pessoais, problemas de educação, e tentam trazer isso para dentro da torcida”, lamentou.