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“A jornada não acaba aqui”: Caio Zanardo encerra seu ciclo à frente da Veracel

CEO conversa com exclusividade sobre os últimos cinco anos à frente da companhia e expectativas para a atividade florestal e a indústria de celulose

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 05:00

Caio Zanardo, CEO da Veracel Crédito: Divulgação

Caio Zanardo está se preparando para deixar o comando da Veracel após cinco anos. Vai assumir um novo desafio, ainda a ser definido, na Suzano, também do segmento de celulose e onde já trabalhou como diretor florestal. A sensação é de “missão cumprida”, após encaminhar soluções para os grandes desafios que lhe foram colocados à frente da indústria de celulose baseada em Eunápolis, no Extremo Sul da Bahia. O executivo, que chegou em meio à pandemia, deixa como marca uma gestão voltada à integração de pessoas, agilidade na tomada de decisão e ao fortalecimento da cultura colaborativa. Sob sua liderança, a empresa — uma joint venture entre a Suzano e a Stora Enso — passou por um processo de transformação que aproximou a operação florestal da industrial – áreas tradicionalmente distantes. Alexandre Lanna, atualmente diretor industrial da Suzano, assume a presidência (CEO) da Veracel em 5 de janeiro de 2026.

Quem é

Caio Zanardo é CEO da Veracel há cinco anos. Antes foi diretor florestal na Suzano S.A. Graduado em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo, em 2003, possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cursou Advanced Strategy Management no International Institute for Management Development (IMD) Business School, em Lausanne, na Suíça.

O que mais pesou em sua decisão de sair, a gente está falando de uma oportunidade, uma missão, ou a percepção de que chegou ao seu limite?

Todo o processo de um CEO tem um tempo, um mandato aqui, mais ou menos. A gente tem visto lá fora que o tempo médio de um presidente na cadeira é entre 5 e 7 anos. Não que tenha sido alguma questão dessa natureza. Tudo aquilo que o conselho me pediu para trabalhar, eu entreguei. Então, acho que esse é um ponto importante. Quando eu cheguei, a gente tinha algumas questões importantes de gestão operacional para ser trabalhada, tinha uma questão com as pessoas também. Estou entregando esses pontos com muita maestria. Não que tenha feito algo sozinho, mas tive uma equipe incrível para trabalhar. As pessoas são muito engajadas. Dada a missão cumprida, eu acho que surgem oportunidades tanto para mim, quanto para quem vai me substituir. Vai vir uma pessoa, no caso do Alexandre Lanna, que tem total competência, e que vai poder provocar a Veracel de um modo diferente a avançar ainda mais. Eu acho que este é um processo muito virtuoso.

É interessante você falar sobre os desafios com as pessoas, que hoje são um destaque na empresa. Como foi essa virada?

A Veracel tem dois acionistas, que são a Suzano e a StoraEnzo – é uma empresa brasileira ancorada por duas grandes companhias. Quando eu cheguei, eu sabia que eles já estavam conversando bastante sobre alguns temas, até porque eu vim da Suzano e já sabia que a Suzano estava olhando algumas questões de pessoas, gestão de maneira geral, que eu vi como uma oportunidade. Em vez de ser uma empresa departamental, que a gente pudesse de fato trabalhar de maneira mais colaborativa. É uma jornada. Eu fiz essa provocação e as pessoas acreditaram nisso. Hoje nós temos a integração entre a atividade florestal e a indústria, que historicamente era sempre o calcanhar de Aquiles da atividade. Aprendemos a trabalhar numa cooperação muito grande para resolver os problemas. Então, quando você traça um propósito, traça um objetivo em comum, algo em que as pessoas se vêem representadas, você consegue fazer com que elas lutem por essa mesma causa.

Como foi a sua chegada?

Eu chego no momento de pandemia, quando não podia me conectar presencialmente. Eu tive que criar mecanismos para entender a organização, mesmo que à distância, para passar um pouco do que eu acreditava, que era importante trabalhar em conjunto com todo mundo. Os valores mudaram e acho que conseguimos fazer esse acolhimento para conseguir trabalhar de maneira estratégica.

Quais serão os grandes desafios do seu do seu sucessor?

É difícil falar, né?

Mas qual é a empresa que você está entregando para ele?

Eu acho que eu estou entregando uma empresa mais ágil, com uma capacidade de tomar decisão mais rápido. O futuro é muito incerto. Ao longo desses desses 5 anos me perguntaram: 'Caio, qual legado você quer deixar? E eu falei, 'são as pessoas que fazem uma empresa, uma boa empresa, logo, se elas tiverem capacidade de adaptação e velocidade de tomada de decisão, elas vão estar aptas a esse novo momento'. E eu acho que nós fizemos essa mudança. A gente demorava mais. Tivemos uma atitude mais proativa, a gente levou muitas coisas para o conselho, para eles apoiarem a gente, no lugar de ficarmos esperando vir as demandas deles. Essa proatividade foi algo que foi surgindo e gerando valor. Um exemplo, a gente tem mecanismos na companhia de criação de valor a partir de mudanças de comportamento. Nós tivemos R$ 150 milhões de valores ganhos em projeto que a gente implementou a partir disso no ano passado e estamos muito próximos de fechar perto disso esse ano, entendeu? Lá atrás, por exemplo, a gente tinha uma questão de abastecimento de madeira. É uma questão crítica no país, que está crescendo e isso gera um aumento de demanda. Antes a gente tinha a madeira comprada para três meses adiante, hoje temos com o produto garantido até 2027 – ou seja estamos com o abastecimento da fábrica equacionado. Então, eu acho que eu deixo uma organização muito estruturada para que o Lanna possa, de fato, trazer suas ideias, suas provocações e perceber as suas questões. Ele tem um background industrial muito forte. Isso é muito bom, é um cara muito competente.

Tem alguma coisa que você não pretende repetir na próxima experiência?

Acho que sempre vai ter. Eu cheguei com um plano meio pronto, a gente vem com prerrogativas que você acha que vai acontecer. E ao longo desses cinco anos percebi que é importante você ter uma escuta ativa, de fato, tentar entender as questões. Eu acredito que você tem abordagens diferentes em contextos diferentes. Então, eu acredito que num próximo passo, vou tentar mapear muito bem essas leituras e tentar escutar mais, eu acho que pode ser um bom recomeço. O pessoal fala muito do isolamento do CEO, porque à medida em que você vai crescendo, tem menos pares para conversar. Mas também é algo que se tiver um bom relacionamento, se as pessoas confiarem em você, as coisas chegam mais.

Como você avalia o momento atual do segmento de papel e celulose?

O nosso setor é cíclico. Vivemos um momento em que o preço está mais baixo e temos também as questões de câmbio. Estamos no momento de baixa, que é quando a gente normalmente aperta o cinto. A gente faz uma austeridade, preserva o caixa para poder passar por essa fase, que às vezes dura alguns meses, mas, pode se prolongar por mais de um ano. É um setor pujante no Brasil, estamos vivendo a COP30, que está apresentando o setor para o mundo. O importante é a gente saber que o setor tem essa essa vantagem competitiva no Brasil, de um custo de produção mais baixo, justamente para poder passar por esses momentos de maneira mais tranquila. Eu acho que já chegamos mais ou menos no vale. Qualquer projeção depende muito de outras situações, mas o que o mercado tem dito, e os relatórios apontam, é que a gente está no vale e devemos ter melhores dias daqui para a frente.

Como vocês estão aproveitando a COP30 aqui no Brasil?

A gente sabe que a COP não terá um papel executivo, ela vai promover a discussão, o debate. Estamos indo para apresentar o que a Veracel tem feito nos últimos. Na verdade, há mais de 30 anos com o setor florestal, e com a fábrica, há mais de 20 anos. Outra coisa importante é escutar também o que por ventura pode ser melhorado. Esta será a postura da Veracel lá. A gente tem muita coisa interessante para mostrar. Vamos falar sobre restauração, mostrar os mais de 8 mil hectares que a gente já restaurou na região Sul, mostrar que a gente hoje tem um hectare preservado para cada um usado na produção. Também iremos comentar a nossa parceria com a Biomas, que é inovadora. A gente tem mais de 20 anos de estudos, de monitoramento de fauna e flora, com números gigantescos. Além disso, vamos participar de um terceiro painel, sobre comunidades, para destacar também o que a gente tem feito junto a comunidades da agricultura familiar, das marisqueiras, da integração com os indígenas também. Para o Brasil é uma vitória poder trazer para cá uma conferência como esta pela primeira vez desde a Rio92.

Que mensagem você deixa para a sua equipe na Veracel?

Além da saudade que eu vou sentir desse pessoal incrível, acho importante dizer que estes cinco anos vão ficar marcados na minha vida. Eu quero dizer que eles não percam esse engajamento, essa vontade de fazer o certo. A minha mensagem é que eles continuem caminhando, a jornada não acaba aqui. A veracel é uma excelente empresa para trabalhar, uma empresa de resultados e são as pessoas que, de fato, fazem isso acontecer. E eu torço muito para que eles continuem com essa cultura e que possam evoluir em cima dessa cultura.