CNI apresenta estudo sobre a cadeia de gás natural na Bahia

O estado reconhece a necessidade de uma maior abertura para o setor privado

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  • Priscila Natividade

Publicado em 24 de outubro de 2015 às 20:51

- Atualizado há um ano

Com potencial para produzir nos próximos 35 anos até oito vezes mais do que gera atualmente, a extração de gás natural em terra na Bahia pode criar dois mil novos empregos por ano, além de atrair para o estado investimentos na ordem de US$ 9,1 bilhões. Porém, o cenário promissor esbarra na burocracia excessiva e na falta de segurança para o empresariado investir. É o que aponta o estudo Exploração de Gás Natural  em Terra no Estado da Bahia: Benefícios Econômicos e Sociais, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou ontem durante o seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) para discutir o tema e as soluções para estimular a produção de gás em terra nas bacias do Recôncavo e de Tucano. Na previsão do estudo, a expectativa é que a exploração de gás natural em terra, que atualmente é de dois milhões de metros cúbicos, pule para 15,6 milhões de metros cúbicos  até 2050. “Existe potencial na Bahia, demanda grande por energia  e a possibilidade de ofertar uma energia mais barata, principalmente diante de um cenário de crise econômica”, afirma a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Massenberg. “São necessárias políticas públicas que diminuam a burocracia, sobretudo, com relação às licenças ambientais e realizem um trabalho articulado para avançar nestes gargalos”, completa. PerspectivasO estado reconhece a necessidade de uma maior abertura para o setor privado. “A gente sabe que o gás é matéria-prima importante para a cadeia produtiva  e temos convicção de que a indústria tem perfeitas condições para trabalhar nesta exploração de gás em terra”, assegura o secretário de Infraestrutura , Marcus Cavalcanti. Ele garante que a Bahiagás já está estudando a possibilidade de construir 50 km de gasoduto  na área do Recôncavo  para comercializar o gás extraído de lá.Cavalcanti ressalta, também, que o governador Rui Costa tem conversado com a Petrobras e com o Ministério de Minas e Energia sobre a necessidade de parceria com o setor privado para estimular a produção do gás. “A maior questão aqui na Bahia é que há muitos poços de gás que estão associados ao petróleo e por isso não podem ser explorados pela iniciativa privada”. CenárioO desenvolvimento de uma política para a promoção de gás natural é estratégica para a Bahia, como enfatiza o diretor-presidente da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás), Luiz Gavazza. Ele diz que o estado chega a produzir por dia 16 milhões  de metros cúbicos de gás natural (terra e mar). A maior parte da extração ainda é feita em poços marítimos. “Temos toda condição de atender à demanda local e muito interesse em expandir a distribuição, por isso temos investido na construção de mais gasodutos para impulsionar a produção nos poços maduros”, ressalta. Melhorar a  competitividade do gás natural baiano, principalmente em relação ao preço,  é um dos desafios que podem ser vencidos com a expansão, como destaca o diretor de Energia da Braskem, Gustavo Checcucci. “O produtor tem fora do país o gás a preço mais barato do que a margem que alguns produtores praticam aqui no Brasil”, assegura. Conforme projeção da CNI, a diminuição do preço do gás natural de US$ 14 para US$ 7 por milhão de BTUs reduziria o atual déficit comercial dos grandes consumidores do insumo. Para o coordenador do Conselho de Petróleo, Gás e Naval da Fieb,  Humberto Rangel, é necessário dar mais espaço para a iniciativa privada. “Temos espaços que podem ser ocupados pela iniciativa privada. Estamos preparados e dispostos para assumir esta posição”.