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Estadão
Publicado em 3 de agosto de 2024 às 10:19
Na sexta-feira, 2, o valor de mercado do Nubank ficou atrás do Itaú Unibanco no fechamento dos mercados dos Estados Unidos e do Brasil. Foi a primeira vez que as posições se inverteram desde o começo de junho, tirando da fintech o posto de instituição financeira mais valiosa da América Latina, ao menos temporariamente. >
As ações do Nubank caíram 5,2% na Bolsa de Nova York na sexta-feira após o UBS BB reduzir a recomendação das ações da fintech de compra para neutra. Foi a segunda redução em duas semanas, após o JPMorgan realizar movimento similar. Os dois bancos elencaram um mesmo motivo para deixar de recomendar a compra do papel: o pouco espaço para valorização.>
"Acreditamos que a avaliação de mercado de US$ 57 bilhões (número de quinta-feira, 1º) precifica todas as atuais iniciativas", afirmou o analista Thiago Batista, do UBS BB, em relatório enviado a clientes. Na visão dele, mesmo que novos produtos ou uma possível expansão para mais países abram espaço para novas altas, os resultados efetivos destes movimentos levarão algum tempo para aparecer.>
No relatório divulgado em julho, Yuri Fernandes, do JPMorgan, afirmou que o espaço para que o Nubank cresça no segmento de baixa renda no Brasil tem ficado menor, o que reduz as opções para a fintech. "Crescer na média ou na alta renda será necessário para sustentar a expansão, ou poderíamos ver o Nubank continuando a ganhar mercado na baixa renda (o que arriscado, mas possível)", disse ele.>
Neste ano, as ações do Nubank sobem quase 31% em Nova York. Nos últimos 30 dias, porém, caem cerca de 12%, diante tanto das reduções de recomendação quanto de uma percepção desfavorável sobre os índices de inadimplência da carteira, outro ponto que tem sido ressaltado por analistas de mercado.>
Olho nos atrasos>
Na quinta-feira, 1, a divulgação pelo Banco Central dos dados das instituições financeiras referentes a maio levou a uma queda de 5% nas ações da fintech. A pressão veio da carteira classificada com as notas de crédito mais baixas, de E a H, que passou a representar 10,2% da carteira total do Nubank, contra 9,7% em maio. O crescimento do índice ampliou temores de que as provisões subam, e que o ritmo de alta da carteira caia.>
"Acreditamos que os participantes de mercado vão monitorar muito de perto a evolução da qualidade dos ativos do Nubank, bem como de que forma o crescimento da carteira de crédito vai evoluir nos próximos meses e trimestres", afirmou o analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI, em relatório a clientes.>
Embora os dados do BC não costumem fazer preço, a aversão a risco do mercado na quinta amplificou seus efeitos. Somou-se a isso o fato de que a inadimplência da carteira do tem sido monitorada de perto, porque enquanto os índices de atraso dos grandes bancos estão estáveis ou caindo, os do Nubank estão em alta.>
No primeiro trimestre, por exemplo, chegaram a 6,3%, contra 5,5% em março do ano passado. O Nubank tem dito que controlar a inadimplência não é prioridade no momento, e que o ponto mais importante é crescer. No entanto, com os múltiplos altos dos papéis, analistas consideram que a margem de tolerância do mercado está menor.>
"Embora os mercados estejam compreensivelmente nervosos devido aos altos múltiplos, a tese sempre foi sobre mais do que apenas os índices de atraso", disse Pedro Leduc, do Itaú BBA, em relatório publicado na quinta-feira.>