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Carmen Vasconcelos
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 16:10
Quem é Victor Cavalcanti, CEO da INFLEET? Victor Cavalcanti é engenheiro formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com MBA pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e experiências acadêmicas internacionais na Duisburg-Essen Universität (Alemanha) e Stanford Graduate School of Business (EUA). Ele lidera a INFLEET ao lado dos também baianos Henrique Lima, Lucas Bastos e Vitor Reis.>
De Salvador para o mundo da tecnologia, o engenheiro Victor Cavalcanti transformou inquietação em propósito e construiu uma das startups mais promissoras do país. À frente da INFLEET, empresa que já captou mais de R$ 58 milhões e revoluciona a gestão de frotas com inteligência artificial, ele lidera com os pés fincados na disciplina aprendida na Alemanha e o coração pulsando pelo impacto humano: reduzir acidentes, cortar desperdícios e salvar vidas nas estradas brasileiras. Inspirado por referências globais e pelo espírito inovador baiano, Victor mostra que tecnologia e propósito podem — e devem — andar lado a lado no mesmo trajeto. >
Victor, como sua trajetória em Salvador e sua formação em engenharia despertaram o interesse em empreender com tecnologia? >
Minha formação em engenharia mecânica na UFBA me deu uma visão analítica e estruturada de problemas complexos. Ainda em Salvador, no contato com grandes obras e operações físicas, que percebi como faltava tecnologia e integração na gestão de ativos e frotas. Eu via desperdício, processos manuais e uma desconexão entre áreas. Essa inquietação me levou a querer empreender com tecnologia, buscando criar soluções que pudessem transformar um setor inteiro. Além disso, ao fazer uma graduação sanduiche na Alemanha, vivenciei um ambiente com processos muito mais digitalizados e tive ainda mais clareza do quanto a tecnologia poderia ser alavanca de produtividade. >
O que mais marcou sua experiência acadêmica internacional e como esses aprendizados influenciam sua liderança hoje?>
Na Alemanha, durante minha passagem pela Duisburg-Essen Universität, aprendi sobre disciplina, rigor técnico e inovação aplicada à indústria. O contraste com o Brasil me mostrou como processos podem ser mais eficientes e como a tecnologia é alavanca de produtividade. Esses aprendizados moldaram minha liderança: hoje, busco combinar a visão estratégica global com a adaptabilidade e resiliência que vêm da minha origem baiana.>
Como surgiu a ideia da INFLEET e qual foi o maior desafio no início da jornada? >
A ideia surgiu quando percebi, ainda trabalhando em gestão de equipamentos, que as soluções de telemetria e gestão eram fragmentadas e não conversavam entre si. Decidimos criar a Infleet como um one-stop-shop, capaz de integrar telemetria, vídeo, abastecimento, multas, documentos e manutenção em uma única plataforma. Foram vários desafios, mas ganhar credibilidade com um produto totalmente novo no mercado e fundadores jovens, é uma longa jornada. E Conseguimos! >
O conceito de “Copiloto Inteligente” é inovador. O que ele representa na prática para motoristas e gestores de frotas? >
Na prática, o Copiloto Inteligente é como ter um assistente digital que analisa dados em tempo real e orienta a operação. Para o gestor, significa reduzir custos com combustível e manutenção, evitar multas e aumentar a segurança. Para o motorista, significa ter mais suporte na estrada, com alertas e tecnologias que previnem acidentes e desperdícios. É a junção de inteligência artificial com o mundo físico, criando uma camada de segurança e eficiência. >
A empresa já captou mais de R$ 58 milhões e cresce de forma acelerada. Como você equilibra expansão e sustentabilidade do negócio? >
Sempre olhamos crescimento com responsabilidade. Crescer rápido sem sustentabilidade pode ser uma armadilha. Por isso, trabalhamos com indicadores de eficiência, como burn multiple e margem de contribuição, e buscamos manter o caixa fortalecido, mesmo em ciclos de expansão. A entrada de investidores estratégicos nos ajuda a acelerar, mas o foco é construir uma empresa sólida para o longo prazo. Acreditamos muito em Built to Last de Jim Collins. >
A INFLEET tem impacto direto na redução de acidentes e custos. Qual desses resultados mais te motiva pessoalmente?>
Reduzir acidentes é o que mais me motiva. Quando vemos uma frota diminuir em até 70% os índices de colisões ou infrações graves, entendemos que não estamos apenas economizando recursos - estamos salvando vidas. Esse impacto humano e sustentável é o que dá propósito ao negócio. >
Quais são os maiores riscos de empreender no setor de tecnologia e como você aprende a lidar com eles?>
O maior risco é a velocidade com que o mercado muda. Uma tecnologia que hoje é diferencial pode se tornar commodity em meses. Para lidar com isso, mantenho uma rotina de aprendizado constante, converso com outros founders, busco mentores e estou sempre conectado ao ecossistema global de startups. Isso me ajuda a antecipar movimentos e adaptar a estratégia rapidamente. Recentemente, estava em um curso em Stanford com excelentes lideranças de todo mundo. >
O que significa, para você, ser reconhecido por programas como o Google for Startups e pelo ranking 100 Startups to Watch? >
É um sinal de que estamos no caminho certo. Ser reconhecido por programas globais e nacionais nos dá visibilidade, abre portas para conexões estratégicas e valida que nossa solução tem impacto real. Mas, acima de tudo, é um reconhecimento ao trabalho do time que constrói isso todos os dias. >
Como seus valores pessoais e hábitos diários influenciam na forma como você lidera a empresa? >
Procuro manter disciplina, rotina de aprendizado e práticas de saúde como corrida e musculação, que me ajudam a manter equilíbrio e clareza mental. Valorizo muito a liberdade, segurança psicológica e a transparência. Acredito que liderar é ser exemplo e os pequenos hábitos diários refletem no jeito como a empresa funciona. >
Que conselho você deixaria para jovens empreendedores que querem criar impacto real?>
Eu diria: comece e crie movimento. Muitas vezes esperamos o momento perfeito, mas o empreendedorismo é feito de iteração e aprendizado. É importante se cercar de pessoas melhores do que você em áreas-chave, ouvir o cliente desde o início e ter resiliência para pivotar quando necessário. No fim, transformar uma ideia em impacto real é uma maratona, não uma corrida de 100 metros.>