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Carmen Vasconcelos
Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 06:00
Com metas mais ambiciosas, recursos limitados e um ambiente econômico marcado por incertezas, o planejamento estratégico deixa de ser um diferencial e passa a ser uma condição de sobrevivência para micro, nano e pequenos empreendedores que desejam chegar a 2026 com negócios sustentáveis e equipes engajadas. >
Dados da pesquisa “Cultura de Dados, Mensuração e Inteligência Artificial na Comunicação”, realizada pela Aberje em parceria com a Cortex, mostram que 80% das empresas reconhecem a Comunicação Interna como estratégica para fortalecer a cultura organizacional, enquanto 83% apontam o engajamento dos colaboradores como prioridade. >
No entanto, apenas 52% mensuram esses resultados de forma estruturada — um descompasso que também se reflete nos pequenos negócios. >
Para Hugo Godinho, CEO da Dialog, HR Tech especializada em Comunicação Interna e Engajamento, o planejamento de 2026 exige foco, pragmatismo e decisões orientadas a impacto real. >
“O desafio não é fazer mais, mas fazer o que realmente gera valor para o negócio. Planejar é escolher prioridades com base em dados, e não apenas em boas intenções”, afirma. >
Conexões >
Godinho defende que, mesmo em estruturas enxutas, o engajamento precisa estar conectado diretamente às metas do negócio. >
“Quando o empreendedor traduz objetivos como crescimento, eficiência ou inovação em metas claras de engajamento, ele passa a medir resultados concretos, como produtividade, retenção e adesão a projetos estratégicos”, explica. >
Essa lógica também é reforçada por Thiago Mota, superintendente regional da Amcham Brasil. Para ele, a ausência de planejamento empurra o empreendedor para uma rotina caótica. “Quem não encaixa o planejamento na agenda, acaba vivendo apenas a operação. Operação sem estratégia e planejamento de futuro tende ao fracasso”, alerta. >
Segundo Mota, o erro mais comum é concentrar o planejamento apenas no fim do ano. “Planejar exige visão de longo prazo. É como as formigas, que se preparam para o inverno. O empreendedor precisa estudar o passado, analisar o presente e antecipar o futuro”, compara, citando a biomimética (que é a ciência e a prática de aprender com as estratégias, padrões e soluções da natureza para resolver problemas humanos de forma mais eficiente e sustentável, imitando processos biológicos testados pela evolução)como referência. >
Antecipar e não reagir >
Para 2026, Mota destaca que fatores como sazonalidade, calendário com muitos feriados(serão 11 no próximo ano), eleições e até grandes eventos esportivos impactam diretamente o desempenho das equipes. “Metas inatingíveis desmotivam. Planejamento responsável é encontrar o equilíbrio entre ambição e realidade”, afirma. >
Para Hugo Godinho, outro ponto-chave é evoluir da medição de alcance para a medição de impacto. “Curtidas, cliques e visualizações não bastam. É preciso entender como a comunicação influencia indicadores como turnover, absenteísmo, produtividade e bem-estar”, diz. >
A inovação, segundo ele, deve estar a serviço da simplificação. “Ferramentas inteligentes ajudam a eliminar gargalos, automatizar tarefas repetitivas e liberar tempo para análises estratégicas. Inovar não é criar complexidade, é tornar o fluxo mais eficiente”, reforça. >
Thiago Mota chama atenção para o papel da liderança em um contexto de crescente adoecimento mental no trabalho. “O Brasil é campeão de burnout. Delegar tarefas, conhecer o perfil de cada colaborador e usar ferramentas de gestão não é luxo, é responsabilidade”, afirma, lembrando que novas normas relacionadas à saúde mental começam a vigorar. >
Ele reforça que planejamento, comunicação e marketing precisam caminhar juntos. “Atrair novos clientes é importante, mas cuidar da base é essencial. Isso vale para clientes e para equipes”, completa. >
Para ambos os especialistas, o planejamento de 2026 deve começar com uma pausa estratégica. “Reunir as pessoas, analisar o que funcionou em 2025, identificar gargalos e definir o que precisa mudar é um rito que fortalece a cultura do negócio”, resume Mota. >
“Quando o futuro chegar, ele já será presente”, completa. “Quem se antecipa transforma planejamento em cultura — e cultura em resultado”, finaliza.>