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Carmen Vasconcelos
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 06:30
Até 2030, o mercado de trabalho passará por transformações profundas. Estimativas do Fórum Econômico Mundial apontam que cerca de 170 milhões de novos empregos serão criados em todo o mundo na próxima década, ao mesmo tempo em que, aproximadamente, 92 milhões de funções deixarão de existir. >
O saldo líquido é positivo: 78 milhões de novas oportunidades. Mas há um desafio urgente — a qualificação das forças de trabalho. >
O Correio consultou especialistas, que destacam que a revolução tecnológica, a transição verde e as mudanças demográficas serão forças decisivas para reconfigurar profissões e habilidades. Isso significa que trabalhadores precisarão se adaptar continuamente, desenvolvendo não apenas competências técnicas, mas também habilidades humanas. >
Para a psicóloga organizacional Aila Cardial, especialista em saúde mental corporativa, “o currículo abre portas, mas são as habilidades comportamentais que mantêm o profissional em evidência. Adaptabilidade, comunicação assertiva e inteligência emocional serão diferenciais competitivos”, afirma. >
Em alta>
Áreas como tecnologia, saúde, educação e sustentabilidade lideram a previsão de criação líquida de vagas. Outras oportunidades também devem surgir em setores essenciais e de serviços pessoais, incluindo logística, cuidados e construção civil. >
Segundo Thais Marion Cordeiro, especialista em Recursos Humanos e coordenadora de pós-graduação da Uninter, “funções de linha de frente, como cuidadores, educadores e trabalhadores da logística, terão grande expansão, enquanto profissões ligadas à economia verde e à transição energética devem consolidar novos nichos de atuação”. >
“Mesmo com o avanço da inteligência artificial, profissões que envolvem cuidado humano e tomada de decisão complexa não serão substituídas. Pelo contrário, vão se fortalecer”, ressalta Aila Cardial. >
Integração >
A transformação exigirá colaboração intensa entre setor privado, governo e academia. Programas de upskilling (aprimoramento) e reskilling (requalificação) devem se tornar permanentes. >
“É fundamental que universidades atualizem seus currículos e ampliem a integração com o setor produtivo. Estágios, programas de trainee e laboratórios de inovação podem encurtar o gap de competências”, defende Thais Cordeiro. >
Já para as empresas, medidas práticas como programas de saúde mental, reconhecimento de talentos, trilhas de desenvolvimento contínuo e recrutamento interno são essenciais para atrair e reter profissionais. >
Investimentos>
O conselho das especialistas é claro: invista em duas frentes. Conhecimento digital: domínio de tecnologias, dados e IA, sem esquecer de desenvolver as habilidades humanas: inteligência emocional, resiliência, comunicação e empatia. >
Thais Cordeiro reforça que as habilidades humanas que mais valem a pena desenvolver agora são aquelas que combinam capacidades cognitivas, socioemocionais e de autogestão, pois são consideradas essenciais para navegar em um mercado de trabalho cada vez mais impactado pela tecnologia, pela automação e pela necessidade de adaptação constante. >
"Habilidades como resiliência, flexibilidade e agilidade, criatividade, pensamento analítico, liderança e influência social, curiosidade e aprendizado ao longo da vida, empatia e escuta ativa, além de motivação e autoconhecimento, estão entre as mais valorizadas pelos empregadores para 2030", complementa. >
A coordendora da Uninter lembra que essas competências humanas são vistas como diferenciais justamente porque não podem ser facilmente substituídas por máquinas ou algoritmos, e são fundamentais para a colaboração, a resolução de problemas complexos, a inovação e a adaptação diante de mudanças rápidas. "As habilidades como comunicação eficaz, trabalho em equipe, inteligência emocional, capacidade de lidar com a diversidade e abertura ao novo são cada vez mais demandadas em todos os setores, inclusive no Brasil", enfatiza. >
“O mercado de trabalho de 2030 vai exigir profissionais capazes de aprender continuamente e lidar com ambientes de mudança constante. Quem souber equilibrar técnica e humanidade terá sempre mais chances de sucesso”, conclui a psicóloga Aila Cardial. >