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Thais Borges
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 05:00
Apesar da alta de juros e das incertezas econômicas, o mercado imobiliário de Salvador tem motivos para comemorar. Desde 2011, não havia tantas vendas de imóveis na cidade. Segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), foram mais de 10 mil unidades comercializadas - um crescimento de 41% em 12 meses e maior do que nos últimos 14 anos. >
Somado a isso, a pesquisa mais recente da entidade, divulgada no último sábado (20), mostrou que, em julho, três novos empreendimentos foram lançados na capital e na Região Metropolitana (RMS). Assim, ao longo de 12 meses, foram 9,49 mil unidades disponíveis - o que corresponde a um aumento de 30% em comparação ao mesmo período em 2024, quando 7,3 mil foram lançadas. >
Mas não se trata apenas da oferta. As vendas também tiveram um aumento considerado relevante pelo setor. De junho para julho, saíram de 460 unidades para 483. Em 12 meses, o acumulado é de 9,6 mil imóveis comercializados. Assim, o incremento percentual foi de 44%, considerando as 6,7 mil unidades que foram compradas no ano passado. >
Segundo o advogado Ermiro Ferreira Neto, doutor em Direito Civil e professor de Direito Civil e Direito Imobiliário da Faculdade Baiana de Direito, há três razões principais para esse momento positivo. O primeiro deles é nacional: o aumento do número de empreendimentos do tipo Minha Casa, Minha Vida, destinados a faixas de venda mais baixas e que vêm sendo a razão do déficit habitacional na maior parte do país. >
“Esses empreendimentos têm tido uma venda muito boa, motivados por várias incorporadoras que estão lançando empreendimentos”, diz ele, que é sócio do escritório Fiedra, Britto e Ferreira Neto. >
Outro aspecto que é bem típico de Salvador são as boas vendas de empreendimentos de baixa metragem - ou seja, studios. Como capital turística, a cidade tem atraído pessoas que desejam investir nesses imóveis para alugar para plataformas do tipo AirBnB. Por fim, o sucesso dos imóveis de luxo tem completado essa equação. >
“Salvador entrou numa rota de lançamentos de alto padrão em bairros mais valorizados, como a Vitória, a Barra e o Horto Florestal. De modo geral, o que a pesquisa capta é uma notícia muito positiva”, enfatiza. A valorização média dos imóveis em Salvador foi de 14%, mais os compactos e o segmento de luxo tiveram números maiores (20% e 16%, respectivamente). >
Desafios >
O setor ainda estima que o estoque atual, de pouco mais de cinco mil imóveis, deve ser absorvido em apenas seis meses, um ritmo superior à média nacional. Para o advogado Ermiro Ferreira Neto, existia uma demanda represada, com interesse tanto de famílias quanto de investidores. A segurança do investimento nos imóveis pode ter sido um dos motivos que atraiu mais compradores. >
Com tanto interesse, a demanda pode ter afetado os preços, mas não é o único fator. Ainda de acordo com o advogado, os custos de construção também aumentaram e os juros também são desafiadores para o setor.>
“O que preocupa o mercado é que essa taxa continua alta e a maior parte das pessoas adquire imóveis a partir de financiamentos. Mas, havendo uma sinalização de diminuição dela, a perspectiva é muito positiva. Esse excelente momento acontece a despeito de uma certa insegurança com os cartórios, em obter certidões. Se a gente conseguisse algum tipo de medida dos municípios para acelerar a aprovação de projetos, tenho certeza que a gente vai conseguir aproveitar ainda mais esse momento”. >