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Editorial: Compromisso com a transparência

  • D
  • Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2019 às 05:14

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Desde 2011, o CORREIO publica anualmente a série intitulada Mil Vidas, reconhecida dentro e fora do país como uma das mais bem-sucedidas experiências do chamado Jornalismo de Dados no Brasil. As reportagens, que trazem um amplo painel informativo sobre os mortos por assassinato em Salvador e Região Metropolitana, sempre a partir da milésima vítima dos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), nomenclatura que abrange os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

Trata-se de um exemplo de transparência que poderia ser encampado também pelos órgãos federais e estaduais de Segurança Pública . No mais recente capítulo da série, dividido em três episódios publicados do domingo à terça-feira passada, é possível saber que Itinga, em Lauro de Freitas, foi o bairro que concentrou a maior parte das 16,6 mil mortes violentas registradas na RMS a partir de 2011. Em segundo e terceiro, respectivamente, vêm São Cristóvão e Periperi, ambos localizados em Salvador. 

O dado, por si só, serve para lançar luz sobre a necessidade de ações efetivas nas regiões duramente afetadas pela criminalidade. Do mesmo modo, a série produzida com base em um levantamento minucioso tocado pela equipe de Jornalismo de Dados do CORREIO revela que domingo é o dia da morte na capital e cidades próximas a ela. Ao todo, concentrou 20% dos assassinatos cometidos na região nesses últimos oito anos e meio. 

A informação também pode servir como ponto de partida para que sejam adotadas ações policiais com foco no dia mais sangrento da semana. De modo paradoxal, domingo é quando o policiamento parece diminuir nas ruas da região. No mesmo diapasão, é o dia em que praticamente não se encontram delegados nas unidades da Polícia Civil, cujo trabalho naquelas 24 horas fica restrito à Central de Flagrantes, dificultando o início de investigações importantes para elucidar casos de CVLI.  

A série revelou ainda que sábados e sextas-feiras possuem grande concentração de mortes violentas, em comparação com os demais dias. O que deixa claro o tamanho do grau de mortalidade atingido durante o fim de semana. Embora especialistas ouvidos pelo jornal adotem cautela ao analisar as eventuais causas do fenômeno, nada impede que se reforce a segurança para evitar o crescimento exponencial de homicídios da sexta ao domingo, período em que as pessoas deveriam ter direito ao lazer e ao descanso sem conviver tanto com o medo.

Além da tarefa árdua de, ano a ano, compilar e traduzir em informações detalhadas o conjunto de dados sobre a violência da RMS,  os jornalistas responsáveis pela série tiveram uma dificuldade adicional imposta pela  Secretaria da Segurança Pública da Bahia. Sem qualquer explicação, o órgão começou a retirar do ar os registros antigos sobre CVLIs, antes disponibilizados integralmente na internet através de boletins diários. Hoje, o cidadão só tem acesso ao conteúdo divulgado pela pasta a partir de 1º de fevereiro.

Por causa da exclusão dos registros de agosto, a publicação da série teve que ser adiada até que o CORREIO pudesse recuperar o conteúdo suprimido, numa cruzada que durou nove meses. Foram feitos inúmeros pedidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Contudo, eles eram sempre atendidos de forma incompleta. Somente em 10 de junho, o material foi obtido pela reportagem. 

Apesar dos percalços, Mil Vidas demonstra o compromisso do jornal com a transparência, confirmado com a decisão de criar e disponibilizar, na versão online, uma ferramenta que permite ao leitor ter acesso aos mais diferentes dados sobre mortes violentas na RMS. Tal comprometimento continuará a ser objetivo perseguido pelo CORREIO, independente dos obstáculos que surjam diante da caminhada.