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Amanda Palma
Publicado em 2 de outubro de 2014 às 07:50
- Atualizado há 2 anos
Construa uma tabela, agrupe grandezas da mesma espécie em colunas, mantenha na mesma linha as grandezas de espécies diferentes, identifique se as grandezas são diretamente ou inversamente proporcionais, monte a proporção e resolva a equação. Deu um nó na sua cabeça? Trata-se de um cálculo para saber porcentagem, chamado regra de três simples. Mesmo sendo bem tranquila na prática, no Enem - e na vida - muita gente se bate para saber quando e como usá-la.Em Química, por exemplo, quase todas as questões podem ser respondidas usando esse tipo de cálculo. “Pela regra de três é bem mais simples”, indica o professor de Química Klécius Oliveira. A proposta do Enem, baseando-se na matriz de referências de 2009, é abandonar o uso das fórmulas. Mas a prova do ano passado se mostrou bastante técnica, focada nos conteúdos e exigiu que os candidatos lembrassem os famigerados algoritmos. “A proposta era que fosse uma prova relacionada ao cotidiano, mas, na prática, em Física é muito difícil contemplar esses assuntos sem entrar nas fórmulas”, diz o professor de Física Tomás Wilson. Na disciplina, por exemplo, não se pode deixar de lembrar das fórmulas de mecânica (Vm=ês/êt), energia (U=R.i) e eletricidade (Pot = Eele / tempo). Wilson diz ainda que os candidatos precisam ficar atentos aos conteúdos específicos, temas ligados a transformações de energia, energia térmica, mecânica newtoniana e eletricidade, principalmente envolvendo circuitos elétricos de residências. São os mais pedidos na prova e, geralmente, exigem cálculos.O professor de Física Ricardo Abud lembra ainda outros assuntos que precisam de contas ou fórmulas para serem resolvidos e que devem estar presentes na prova deste ano. “O que eles mais gostam é da eletrodinâmica: consumo de energia elétrica e a parte de eletromagnetismo”, garante.Em Química, a prova também se divide em interpretação e a parte mais conteudista, como explica o professor de Química Victor Benevides. “Acho que o grosso da parte é a físico-química, de 40% a 50% da prova, e 30% é de orgânica. O restante de interpretação”, explica o professor.E o cálculo estequiométrico? As soluções químicas? Tudo deve ser resolvido por meio das fórmulas, mas não é bem assim que elas devem ser vistas, segundo o professor Klécius. “O aluno enxerga como fórmula, mas é uma relação entre os elementos que ele precisa compreender bem para resolver”, alerta.E não são apenas expressões que precisam ser lembradas. Em Química ainda tem as cadeias orgânicas, que devem ser reconhecidas. “Cada função como álcool, cetona, amina e amino tem a sua fórmula específica que deve ser lembrada”, indica o professor Gregório Barros. MacetesMas o que fazer para lembrar de tantas fórmulas assim? Como qualquer receita culinária, um cálculo tem que ser usado na hora certa. Mas considerando a memorização como primeiro passo para se dar bem nas exatas, muitos professores criaram macetes para facilitar as coisas. Um deles é o cálculo para medir a variação de calor de um corpo (Calorimetria): Q = M.L ou simplesmente Que MoLeza. Recorrendo à expressão popular fica mesmo mole lembrar da fórmula.O cálculo para medir a pressão de gases e líquidos tem um macete bem curioso. Inventaram o termo Por você = nunca Rezei tanto. Além de pedir a Deus que te abençoe (se você não é ateu), jamais esqueça o quanto rezou e não irá tirar o P.v = n.R.t da sua cabeça.Na internet, a gama de macetes em Física e Química é vasta e dá para fazer inúmeras brincadeiras com as fórmulas. Mas para não ficar perdido com tudo que encontrar, pergunte ao professor até que ponto vale recorrer ao macete. E, por exemplo, se tem um meio mais legal de fixar a expressão S = So + V.t (para medir o tempo, espaço e velocidade no M.R.U.) do que lembrar da palavra Sorvete.Aquelas músicas ou paródias que muitos professores ensinam em aula também podem ajudar na hora de puxar alguma coisa da memória, mas é preciso que o candidato compreenda o assunto, e não apenas tenha as fórmulas gravadas. Segundo o professor Klécius, a proposta do Enem não favorece mais a decoreba. “Antes era ‘o que é’. Agora é ‘o porquê’ de usar aquela fórmula”, explica.ConceitoDiante da importância de não só memorizar, mas saber quando usar a fórmula, muitos estudantes preferem compreender a origem da fórmula. “Tem que entender o conceito. A fórmula é apenas participação do conteúdo. As fórmulas estão na prova, mas, só com elas, não resolve a questão”, reforça o professor de Física Marcelo Sangiovanni.O estudante Marcos Filipe Lima, 17 anos, que quer ingressar em Medicina, se vale deste conceito, mas não deixa de lado a decoreba para o caso de ter que enfrentar questões envolvendo Números Complexos, Polinômios ou para resoluções referentes a Equilíbrio Químico. O jovem de Feira de Santana quer vir morar em Salvador no ano que vem e faz um curso específico para as áreas de exatas. Seu foco é a Universidade Federal da Bahia (Ufba), mas vai tentar também Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) ou Universidade do Estado da Bahia (Uneb).“Vou para o cursinho todos os dias e está me ajudando muito. Também estudo em casa e na escola”, diz ele, que chega a se dedicar mais de 18 horas por dia. Apesar de determinado, admite maior ênfase nas exatas pela complexidade dos assuntos. Física e Química são as menos difíceis, considera. “Eu acho que estou preparado na medida do possível. Chego a estudar 19 horas por dia. O importante é saber de onde vem as fórmulas e saber como resolver a questão. O Enem é uma prova supercarregada de tensão e é importante saber a origem a da fórmula para não esquecer”, indica. Colaborou Rafael Lemos.>