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Agência Correio
Publicado em 24 de agosto de 2025 às 11:02
Imagine ser declarado morto e passar as próximas cinco décadas vivendo em um hospício, sem identidade. Essa foi a vida real de András Toma. >
Sua saga épica de sobrevivência e anonimato só terminou graças a um linguista que desvendou o mistério de sua linguagem.>
Soldado esquecido da 2ª Guerra
Preso em uma realidade paralela, ele era um estrangeiro eterno em um lugar que não entendia sua existência ou seu passado.>
Aos 19 anos, András Toma foi capturado por soldados soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial. Ele foi levado como prisioneiro de guerra para a Rússia. >
Quando a guerra acabou, ele não foi libertado como seus companheiros. Em vez disso, ele iniciou um desaparecimento que se tornou um mistério. Sua família na Hungria procurava por ele sem sucesso. Ele havia se tornado um fantasma para o seu próprio país.>
Ele adoeceu e sua jornada tomou um rumo ainda mais sombrio. Foi transferido de um campo para um hospital psiquiátrico. Em Kotelnich, sem falar a língua local, ele não podia se explicar. >
A equipe do local interpretou seu comportamento como doença mental. Rapidamente, ele se tornou mais um paciente sem nome. Oficialmente, morreu em 1954, mas sua história real era muito diferente.>
No sanatório, András vivia em um mundo de silêncio. Suas tentativas de comunicação em húngaro eram vistas como delírios. Os anos se transformaram em décadas de completo isolamento. Ele próprio acreditava que jamais deixaria aquele lugar. Enquanto o mundo exterior evoluía, sua vida estava permanentemente pausada em 1945.>
O ponto de virada aconteceu no ano 2000. Um visitante, o linguista eslovaco Karol Moravčík, o ouviu falar. Ele entendeu que aquelas eram palavras em húngaro, não um delírio. >
Essa descoberta incrível iniciou o processo de resgate. Testes de DNA confirmaram a identidade do soldado perdido. Seus irmãos, enfim, puderam levá-lo para casa.>
De volta à Hungria, András foi tratado como uma lenda viva. O governo o condecorou e pagou os salários dos anos perdidos. >
Ele viveu seus últimos anos em tranquilidade, com sua família. Sua jornada é um testemunho da resistência do espírito humano. Acima de tudo, prova que nunca é tarde para se encontrar o caminho de volta.>