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Agência Correio
Publicado em 29 de julho de 2025 às 14:30
Muitos conselhos sobre produtividade recomendam aproveitar cada segundo, combater a procrastinação e estar sempre ocupado. Porém, o neurocientista Joseph Jebelli oferece outra perspectiva: é justamente no tempo livre e no isolamento que nossa mente pode florescer. A partir de suas pesquisas, ele descobriu que desacelerar pode ser o segredo para desbloquear a criatividade. >
Com base em sua vivência pessoal em um lar onde o trabalho era quase um culto, Jebelli passou a questionar os efeitos de uma rotina excessivamente agitada. Ele voltou sua atenção para o impacto do descanso mental e da solidão voluntária sobre o cérebro humano. O que encontrou foi um território fértil, onde a pausa se revela essencial para gerar ideias originais.>
Leonardo da Vinci era considerado um gênio
Em vez de ver a solidão como algo negativo, Jebelli a enxerga como uma aliada do pensamento criativo. Estar só nos afasta de ruídos externos e permite que a mente explore livremente novas associações. O silêncio cria um ambiente propício para que ideias que estavam adormecidas ganhem vida e sejam lapidadas sem interrupção.>
É por meio desse recolhimento que muitos artistas, cientistas e criadores encontram sua voz. A ausência de distrações facilita o mergulho em reflexões mais profundas, abrindo espaço para soluções menos óbvias e mais autênticas. Em um mundo onde tudo é imediato, parar pode ser um ato revolucionário.>
Adiar tarefas pode parecer um hábito indesejável, mas Jebelli destaca um lado pouco explorado da procrastinação. Durante esse intervalo de espera, o cérebro não está ocioso — ele trabalha em segundo plano, organizando informações e buscando respostas. Muitas vezes, grandes ideias surgem nesse estado de “espera ativa”.>
Essa dinâmica ajuda a entender por que tantas pessoas relatam ter insights durante momentos aparentemente banais, como tomar banho ou caminhar. A mente, livre de pressão, encontra conexões criativas com mais naturalidade. Assim, postergar algo, desde que com consciência, pode ser um atalho para resultados mais sofisticados.>
Ao observar figuras históricas como Da Vinci, Jebelli percebeu que seu diferencial não era apenas a inteligência, mas o tempo que dedicavam à contemplação. Em vez de estarem sempre ocupados, esses gênios sabiam quando se afastar, observar o mundo e permitir que as ideias fermentassem antes de ganharem forma.>
Essa prática não é exclusiva de mentes extraordinárias. Qualquer pessoa pode incorporar esse hábito e colher frutos criativos. O que falta muitas vezes é a permissão para parar, desacelerar e confiar no próprio processo mental. Ao dar esse passo, é possível desenvolver um tipo de percepção mais aguçada e inventiva.>
Ficar sem fazer nada pode ser desconfortável para muitos, mas é exatamente isso que o cérebro precisa para funcionar melhor em certos momentos. Jebelli argumenta que o descanso mental deve ser cultivado tanto quanto a disciplina. Ele é parte do ciclo que leva à inovação verdadeira, não uma distração dele.>
Portanto, desacelerar não é uma falha — é um passo estratégico. Incorporar momentos de quietude à rotina pode ser transformador, tanto para o bem-estar quanto para a capacidade de pensar fora da caixa. É nessa brecha do cotidiano que surgem as maiores criações.>