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Agência Correio
Publicado em 18 de junho de 2025 às 10:00
A ansiedade matinal é uma sensação de angústia que muitas pessoas experimentam logo ao abrir os olhos, antes mesmo de colocarem os pés no chão. Trata-se daquele aperto no peito, da respiração mais curta e da mente que já começa a disparar pensamentos preocupantes, muitas vezes antecipando desafios do dia ou revivendo situações mal resolvidas do dia anterior. >
Embora essa condição não seja considerada uma doença específica, ela representa um sinal de alerta do organismo, que está reagindo de forma exacerbada a fatores emocionais acumulados. >
Ansiedade
De acordo com especialistas, esse quadro tem ligação direta com padrões de pensamento, qualidade do sono e até mesmo o funcionamento do corpo no despertar. A produção do hormônio cortisol, que naturalmente sobe nas primeiras horas do dia, é muitas vezes associada ao estresse e pode intensificar esse desconforto matinal. >
No entanto, vale destacar que o cortisol não é a causa da ansiedade, mas sim um marcador biológico que reflete um estado de desequilíbrio emocional e físico.>
A ansiedade matinal é uma manifestação emocional que surge logo ao acordar, caracterizada por sentimentos de inquietação, nervosismo e até falta de ar. >
Ela está profundamente associada ao acúmulo de tensões, preocupações recorrentes e, principalmente, à má qualidade do sono. >
Quando não dormimos bem, nosso cérebro não consegue processar de forma eficiente os estressores do dia anterior, o que resulta em um despertar já carregado de tensão.>
Além disso, a influência dos ritmos biológicos tem papel fundamental nesse processo. O aumento natural do cortisol pela manhã, que deveria preparar o corpo para começar o dia, acaba se tornando um gatilho para quem já convive com padrões elevados de ansiedade. >
Isso cria um ciclo em que o corpo acorda em alerta, como se estivesse se preparando para enfrentar uma ameaça que, muitas vezes, só existe na mente.>
Ter uma noite de sono de qualidade é um dos fatores mais importantes para amenizar os efeitos da ansiedade matinal. A privação do descanso adequado contribui diretamente para o aumento da sensibilidade emocional, além de deixar o cérebro mais vulnerável ao excesso de pensamentos ansiosos.>
Estudos apontam que a má higiene do sono como uso excessivo de telas, luzes artificiais e estímulos até altas horas compromete a capacidade do cérebro de se autorregular.>
Por isso, criar uma rotina noturna mais tranquila, com práticas de relaxamento e redução de estímulos, ajuda significativamente a diminuir os níveis de ansiedade ao amanhecer. Ambientes escuros, evitar cafeína no período noturno e estabelecer horários fixos para dormir e acordar são estratégias simples que fazem uma enorme diferença.>
Além de priorizar um sono de qualidade, algumas práticas comportamentais ajudam muito quem sofre com ansiedade matinal. Uma delas é levantar assim que acordar, evitando permanecer na cama alimentando pensamentos negativos. Essa simples mudança de hábito quebra a associação entre o ambiente do quarto e os sentimentos de desconforto.>
Técnicas de respiração, meditação guiada e alongamentos também são recursos eficientes. Elas atuam diretamente no sistema nervoso, ajudando a reduzir o estado de alerta e trazendo a pessoa para o momento presente. Quando feitas regularmente, essas práticas reprogramam a maneira como o corpo e a mente reagem ao despertar.>
O psiquiatra Judson Brewer propõe uma abordagem que começa com a auto-observação. Segundo ele, o primeiro passo é reconhecer quando se está ansioso e, em seguida, questionar quais são os benefícios se é que existem daquele padrão de preocupação. Esse exercício ajuda a romper o ciclo automático da ansiedade.>
Ao trazer curiosidade para os próprios pensamentos, a pessoa se distancia dos gatilhos emocionais, ganhando espaço para agir de forma mais consciente. Esse olhar curioso e não julgador transforma a maneira como o cérebro interpreta os sinais de alerta, reduzindo a intensidade da ansiedade matinal e promovendo mais equilíbrio no dia a dia.>
Embora muitas estratégias possam ser aplicadas de forma individual, é fundamental reconhecer quando a ansiedade matinal se torna persistente e começa a impactar de maneira significativa a qualidade de vida. Se os episódios forem frequentes, intensos e comprometerem atividades simples, procurar apoio psicológico ou psiquiátrico é o caminho mais indicado.>
Profissionais especializados podem ajudar a identificar as causas mais profundas da ansiedade e oferecer tratamentos personalizados, que incluem desde terapia cognitivo-comportamental até, em alguns casos, acompanhamento medicamentoso. O mais importante é entender que não se trata de fraqueza, mas de um sinal legítimo de que o corpo e a mente estão pedindo ajuda.>