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Elis Freire
Publicado em 8 de julho de 2025 às 17:10
Um estudo publicado pela Anaesthesian e citado pelo Washington Post trouxe à tona novamente o debate milenar sobre a higiene das barbas ao apontar que elas podem conter mais microrganismos do que um vaso sanitário. Apesar da comparação alarmante, fato é que a pesquisa explica como os pelos faciais criam um ambiente propício à proliferação de bactérias, especialmente quando não há os cuidados adequados com higiene. Em um dos estudos, chegou-se a registrar mais microrganismos em barbas humanas do que no pelo de cães utilizados em exames de imagem. >
Especialistas consultados pela publicação explicam que a presença de bactérias, vírus e fungos na pele é natural, inclusive na região da barba. Shari Lipner, professora associada de dermatologia clínica na Weill Cornell Medicine, destacou ao jornal americano que o corpo humano abriga diversos tipos de microrganismos, inclusive ácaros nos cílios, e nem todos são prejudiciais. Kimberly Davis, professora associada de microbiologia molecular e imunologia na Johns Hopkins, também reforça que “existem bactérias por todo o nosso corpo, então também existem bactérias na barba”. O risco maior, segundo ela, só ocorre quando esses organismos entram no corpo por meio de cortes ou feridas.>
Homens barbudos
Ambas concordam que lavar, pentear e aparar os pelos do rosto com frequência ajuda a manter a pele saudável e a reduzir a carga microbiana. De modo geral, nossos corpos têm mecanismos eficazes para controlar e eliminar microrganismos que habitam a pele.>
A questão da higiene das barbas se intensifica em ambientes hospitalares, onde há uma necessidade de conter proliferação de vírus e bactérias. Um estudo investigou a liberação de bactérias por profissionais de saúde com e sem barba, especialmente ao movimentar as máscaras cirúrgicas e o resultado apontou que houve maior dispersão de microrganismos entre homens barbudos. Ainda assim, uma pesquisa mais ampla com mais de 400 profissionais do sexo masculino revelou o contrário: homens com barba não carregavam mais bactérias do que os barbeados. Em alguns casos, os barbeados apresentaram maior presença de patógenos causadores de infecções de pele, o que pode estar relacionado ao microtrauma da lâmina durante o barbear.>
Para quem associa a barba a riscos em relações íntimas, como beijos ou contato direto, o infectologista William Schaffner, da Universidade Vanderbilt, tranquiliza: “Eu não esperaria que um cavalheiro com barba ou bigode exponha alguém, incluindo seus parceiros amorosos, a qualquer tipo de risco aumentado de infecção”.>
Os especialistas são unânimes ao apontar o seguinte: a barba não é um problema, desde que venha acompanhada de cuidados regulares. Segundo os profissionais é necessário higienizar os pelos do rosto, pentear, lavar com sabonete facial, além de evitar tocá-los no dia a dia.>