Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Agência Correio
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 15:16
A flexibilidade dos vasos sanguíneos é um marcador importante da saúde cardíaca, e nem sempre corresponde à idade registrada no documento. >
Apesar de pouco comentada, ela é tão relevante para detectar doenças cardiovasculares quanto o colesterol elevado e a pressão alta. Existe um exame rápido, indolor e de fácil execução que avalia esse aspecto: a velocidade da onda de pulso (VOP).>
Médico
“Artérias jovens são elásticas; à medida que envelhecem, tornam-se mais rígidas”, explica Ezequiel Forte, presidente do Comitê Científico do Congresso de Cardiometabolismo da Sociedade Argentina de Cardiologia (SAC), em entrevista ao jornal La Nacion.>
Quando vasos de grande calibre, como a aorta, perdem elasticidade, o coração é sobrecarregado e órgãos como rins e cérebro também sofrem consequências.>
A rigidez das artérias está associada a risco aumentado de hipertensão, insuficiência cardíaca, declínio cognitivo e doenças renais — e costuma aparecer anos antes de outros sinais.>
“Há pessoas que, aos 45 anos, já acumulam danos nas artérias, mesmo sem apresentar sintomas”, afirma Forte.>
Guido Damianich, vice-presidente do mesmo comitê, reforça o impacto dessa informação: “Quando uma pessoa de 45 anos entende que suas artérias têm, na verdade, 60 ou 65, ela costuma se conscientizar mais da necessidade de fazer mudanças”.>
Excesso de peso, inatividade física, fumo, consumo elevado de ultraprocessados, colesterol alto e hipertensão aceleram o processo de endurecimento arterial.>
De acordo com Sergio Baratta, presidente eleito da SAC, o envelhecimento das artérias não ocorre da mesma forma para todos. Alguns têm predisposição genética para um avanço mais lento, enquanto outros apresentam envelhecimento precoce mesmo com exames clínicos dentro da normalidade.>
Há três décadas, a VOP era um exame invasivo. Hoje, a medição é realizada de maneira semelhante à aferição da pressão arterial, usando um aparelho automático.>
“Não dói nem incomoda. Uma curva aparece na tela e, a partir de informações como idade, altura e peso, um algoritmo calcula a velocidade. Quanto mais rígida a artéria, mais rápida a onda”, explica Damianich ao La Nacion.>
A pressão aórtica central, obtida diretamente pelo exame, é ainda mais precisa que a medida no braço, pois reflete a pressão que sai do coração.>
Especialistas sugerem que a VOP passe a fazer parte da atenção primária, sendo aplicada por médicos e enfermeiros.>
“Se dissermos que suas artérias estão envelhecendo e que ele pode reduzir sua idade vascular, o paciente terá um objetivo tangível e motivador”, resume Stutzbach.>
Para Damianich, trata-se de um avanço no modelo de cuidado: trocar uma medicina apenas reativa por uma abordagem preventiva. “Não é um estudo que irá revolucionar a medicina, mas contribui significativamente para estratificar o risco e prevenir danos maiores”.>