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Agência Correio
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 09:27
Enquanto um choque de 220 volts pode ser fatal para humanos, espécies amazônicas como o poraquê liberam descargas quatro vezes mais fortes sem sofrer danos. O segredo está em adaptações únicas que vêm sendo desvendadas por pesquisadores brasileiros.
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Essas espécies desenvolveram células especializadas, chamadas eletrócitos, que funcionam como baterias naturais. Mas o verdadeiro mistério é como seus corpos suportam tanta energia.
>Tipos de peixe
Os órgãos produtores de eletricidade são envoltos em tecido adiposo que atua como isolante. Além disso, possuem uma versão supereficiente da enzima acetilcolinesterase, que protege seu sistema nervoso contra as próprias descargas.
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"Dessa diversidade, cerca de 70 espécies novas foram descritas nos últimos dez anos", revela o professor Luiz Peixoto, da Universidade Federal do Pará, para a Folha de S. Paulo. Cada uma apresenta variações nesse mecanismo de proteção, sendo o Electrophorus voltai o mais impressionante, com seus 860 volts.
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Apesar da voltagem impressionante, os peixes elétricos raramente causam acidentes fatais. O perigo aumenta quando há contato direto, como quando pescadores pisam nos animais.
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Diferente do que se imagina, a maioria desses peixes não dão choque para ferir outros seres, mas usam a eletricidade para navegação e comunicação. Apenas os poraquês a utilizam para caçar, com descargas que podem atordoar até um cavalo.
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Estudos revelam que a enzima protetora desses peixes pode ajudar no tratamento de doenças neurodegenerativas. "São peixes fascinantes capazes de produzir descargas elétricas", destaca Peixoto.
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Com novas espécies sendo descobertas graças a "novas ferramentas tecnológicas, como a tomografia computadorizada", explica o professor,, a preservação desses animais e de seu habitat na Amazônia se torna cada vez mais crucial para a ciência.
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