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Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2020 às 10:52
- Atualizado há 2 anos
Após trabalhar durante boa parte da vida como diarista, Marli da Silva conseguiu, aos 63 anos, realizar o sonho de se formar em culinária com especialidade em pratos franceses e confeitaria. A conquista fez com que o filho dela fizesse uma homenagem nas redes sociais, que viralizou em poucos dias.>
Marli pagava as mensalidades com parte do dinheiro que recebia das faxinas. Ela, que é moradora de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, contou que ia para o trabalho, na capital, e após o horário de serviço, ela seguia direto para o curso. Atualmente, ela trabalha em três casas.>
“Eu sempre quis fazer uma culinária, ser profissional e aprender coisas que nunca aprendi. Fui procurar e acabei encontrando. Eu fui, perguntei se me aceitava devido à idade e me aceitaram. Cheguei em casa e pensei ‘poxa, com as faxinas que eu faço dá pra juntar e pagar esse curso’. Foi o que eu fiz”, disse Marli em entrevista ao G1.>
Apesar do cansaço, a cozinheira permaneceu em uma rotina tripla, que incluía o trabalho, o curso e educação dos dois filhos, durante três anos.>
“Acabava a faxina, tomava meu banho e ia fazer meu curso das 18h às 22h. Deu tudo certo. Eu tinha que fazer esse esforço se eu queria. Tem que correr atrás, né?”, afirmou a diarista.>
A garra da mãe motivou um dos filhos, Patrik da Silva, de 20 anos, a publicar uma homenagem nas redes sociais. Na conta do Twitter, ele compartilhou uma foto da mãe e a publicação tinha, até esta terça-feira (30), mais de 260 mil curtidas.>
Ao G1, mãe e filho lembraram dos desafios durante as aulas e da felicidade ao concluir o curso. Para Marli, a realização do sonho acabou com diversos obstáculos.>
“Dentro da cozinha, só tinha eu de negra. Além de ser negra, também com 60 anos. Eu tinha aula de francês também. Deu pra falar alguma coisa. Mas eles [colegas de turma] me respeitavam muito, foi muito bom, maravilhoso”, destacou a cozinheira. Para Patrik, que é formado em informática, a rotina intensa que a mãe teve foi um exemplo não só para ele, mas para todos que duvidam dos próprios limites.>
“Eu, como filho, fiquei muito feliz. Mesmo ela já tendo uma idade que, todo mundo acha que já não vale mais a pena ter nada, isso foi um exemplo. Cansada, ela ia pro curso. Chegava em casa era 23h e mesmo assim não deixava de ir”, contou o filho.>
Ele ressaltou que, após Marli ter criado os dois filhos sem auxílio e ter dado o máximo de si durante toda a vida, a conclusão do curso é uma vitória.>
“Se você tem uma mãe que é batalhadora, guerreira, que praticamente cuidou de você e do seu irmão sozinho, [ela] merece muitas coisas boas. Por mim, eu dou o mundo pra minha mãe, faço de tudo pra deixar ela no topo, porque ela merece. Ela merece até muito mais, mas eu vou dar o que puder e, o que eu puder fazer por ela, eu vou fazer. Eu amo muito essa mulher e ela merece o mundo”, destacou Patrik.>
E mesmo já com diploma de culinária francesa e confeitaria, Marli ainda almeja mais conhecimento e acredita que não há idade para encarar novos desafios.>
“Formada eu me sinto muito feliz, porque foi uma coisa que eu consegui, foi uma barreira que eu joguei por terra. Pra mim foi maravilhoso, é maravilhoso. Hoje me sinto muito orgulhosa por ter me formado e ainda pretendo aprender mais, porque preciso aprender muita coisa ainda, mas ainda há tempo para aprender e eu vou aprender”, comemorou a cozinheira.>