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O mistério da amnésia infantil: estudo revela como o cérebro apaga lembranças da infância

Cientistas investigam o mistério das memórias infantis que parecem sumir com o tempo

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 09:00

Primeiras memórias podem não ser tão reais quanto parecem
Primeiras memórias podem não ser tão reais quanto parecem Crédito: Freepik

Experiências marcantes como o nascimento, as primeiras palavras e os primeiros passos fazem parte da trajetória de todos nós.

Mesmo assim, não conseguimos trazer essas recordações à mente. Esse fenômeno é conhecido como amnésia infantil e, há muitos anos, é alvo de estudos de psicólogos e neurocientistas.

Duda Reis deu à luz Aurora, sua primeira filha, fruto do casamento com o empresário e cabeleireiro Du Nunes no dia 3 de janeiro por Reprodução

O grande questionamento é se de fato produzimos lembranças na fase inicial da vida e depois as perdemos, ou se o cérebro infantil ainda não possui estrutura para armazená-las de forma permanente.

A função do hipocampo

Nick Turk-Browne, professor da Universidade de Yale, explicou à BBC que até recentemente predominava a ideia de que os bebês não eram capazes de formar lembranças.

Essa noção estava associada tanto à ausência de um senso de identidade consolidado quanto ao fato de ainda não falarem.

Outra linha sugeria que só por volta dos quatro anos as memórias começavam a ser registradas, quando o hipocampo, área responsável por consolidar novas lembranças, já teria atingido maior maturidade.

“Ele cresce mais do que o dobro durante a infância”, disse Turk-Browne. “Por isso, talvez não tenhamos ainda os circuitos necessários para guardar as experiências iniciais.”

Um trabalho recente liderado pelo pesquisador, no entanto, apontou que essa visão pode ser limitada.

O estudo acompanhou a atividade cerebral de 26 bebês de quatro meses a dois anos diante de imagens e indicou que o hipocampo já parece ter condições de registrar informações a partir do primeiro ano de vida.

Recordações que desaparecem

Esse resultado foi considerado um ponto de partida para compreender se os pequenos realmente criam lembranças. Para Turk-Browne, a próxima etapa é descobrir se essas memórias ficam guardadas em algum nível e se, no futuro, poderiam ser recuperadas.

Pesquisas com animais reforçam essa possibilidade. Em 2023, cientistas mostraram que ratos adultos haviam esquecido a saída de um labirinto, mas retomaram a lembrança quando áreas específicas do hipocampo foram estimuladas artificialmente.

Catherine Loveday, professora de neuropsicologia da Universidade de Westminster, afirmou à CNN que também acredita que bebês já conseguem gerar memórias, sobretudo quando começam a falar.

“As crianças voltam da creche e contam algo que aconteceu. Porém, alguns anos depois, não sabem mais relatar. Isso indica que a memória existia, mas não permaneceu registrada”, explicou.

Lembranças inventadas

Um fator que dificulta o estudo da amnésia infantil é identificar se as memórias relatadas de quando éramos bebês são verdadeiras.

Segundo Loveday, o cérebro reconstrói lembranças e, a partir de relatos externos, podemos criar recordações falsas que soam autênticas.

“O problema é que a memória nunca é uma gravação perfeita. Se alguém conta algo e você tem informações suficientes, seu cérebro pode montar uma cena que parece real”, afirmou à CNN.

Para Turk-Browne, isso toca em um ponto essencial da existência humana. “Está ligado à nossa identidade”, declarou.

“E o fato de termos esse vazio nos primeiros anos de vida, em que não conseguimos acessar lembranças, realmente desafia a forma como pensamos sobre quem somos.”