Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

O que a impaciência com os idosos diz sobre nós, segundo Drauzio Varella

Médico denuncia a naturalização da impaciência com quem envelhece

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 09:00

Sociedade cobra pressa e descarta o ritmo de quem já viveu mais
Sociedade cobra pressa e descarta o ritmo de quem já viveu mais Crédito: Freepik

Ignorar, apressar, interromper: esses são gestos comuns diante de pessoas idosas. Mas por que tanta intolerância com o envelhecimento? Drauzio Varella lança luz sobre essa contradição social.

O médico critica como tratamos os mais velhos no dia a dia e alerta em um vídeo de sua conta no Youtube: “Eles andam devagar, falam devagar — e isso nos incomoda.” O incômodo não está neles, mas na nossa pressa.

Idosos devem praticar atividades físicas para evitar perda muscular; academia ajuda por Shutterstock

A convivência com os idosos escancara o despreparo coletivo para lidar com a passagem do tempo. A pressa, nesse contexto, vira forma de exclusão.

O preconceito que não enxergamos

Etarismo é o nome do preconceito contra pessoas mais velhas, e ele se infiltra nas rotinas com disfarces sutis. O principal deles? A pressa que se transforma em rejeição ao tempo alheio.

Drauzio Varella chama a atenção para isso: “É impressionante como nós temos pouca paciência com os mais velhos.” A impaciência tornou-se normal — mas revela uma intolerância silenciosa.

Quem não acompanha o ritmo veloz da vida moderna passa a ser ignorado. O idoso não apenas desacelera: ele deixa de ser ouvido, de ser incluído, de ser visto como parte ativa da sociedade.

Pequenas atitudes, grandes exclusões

“Você anda devagar e já tem alguém atrás impaciente querendo ultrapassar. Você virou um estorvo”, diz Drauzio. A frase resume o lugar simbólico que o idoso ocupa: o de obstáculo.

Essa impaciência não é só social, é cultural. E o efeito é brutal: idosos evitam espaços, diminuem sua presença pública e internalizam o sentimento de inadequação.

Jorge Félix, pesquisador sobre envelhecimento, complementa no vídeo: “O envelhecimento não é uma doença. Mas o idoso é tratado como se fosse doente crônico desde o início.” Uma sentença silenciosa e contínua.

Um incômodo com o tempo que também é nosso

A rejeição aos mais velhos revela mais sobre quem julga do que sobre quem é julgado. “Os jovens acham que não vão envelhecer. Mas vão”, afirma Drauzio. Essa negação é o combustível do preconceito.

A juventude idealizada e a produtividade constante tornam a velhice algo a ser escondido. Por isso, preferimos ignorar quem envelheceu — e fingir que isso nunca nos alcançará.

Só que o tempo é universal. E quem hoje bufa de impaciência atrás de um idoso no caixa do supermercado, amanhã pode ser o alvo do mesmo desprezo que cultivou.

Envelhecer é viver

“Vamos ter que nos preparar para uma sociedade mais velha”, diz Drauzio. A frase não é previsão: é realidade. A população está envelhecendo — e isso exige um novo olhar coletivo.

A mudança começa em gestos simples: escutar sem pressa, oferecer o tempo que o outro precisa, reconhecer valor na vivência. Parece pouco, mas tem um impacto enorme na vida de quem envelhece.

Ao tratarmos melhor os idosos hoje, criamos o mundo em que queremos viver amanhã. Afinal, envelhecer com dignidade é um direito — e respeitar quem já chegou lá é nosso dever.