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Agência Correio
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 16:02
Quem observa grandes navios atracando em portos logo nota jorros de água saindo de suas laterais. Essa cena comum esconde uma engenhosa solução da navegação moderna: o sistema de lastro que mantém as embarcações estáveis.
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Ao contrário do que muitos pensam, essa água não é resíduo, mas sim uma ferramenta crucial para a segurança marítima. Navios cargueiros precisam desse equilíbrio dinâmico para compensar mudanças de peso durante longas viagens oceânicas.
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Quando um navio queima combustível ou descarrega parte de sua carga, torna-se mais leve e eleva sua posição na água. Esse fenômeno, chamado de calado, pode expor partes críticas como hélices e lemes, comprometendo a navegação.
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Para evitar esse problema, os navios enchem tanques especiais com água do mar. O peso adicional mantém a embarcação na posição ideal, garantindo segurança nas manobras portuárias.
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O sistema opera de forma dinâmica - à medida que o navio recebe nova carga, a água de lastro é gradualmente liberada. Essa troca constante explica os jorros visíveis quando as embarcações se aproximam da costa.
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A prática, porém, traz desafios ecológicos significativos. Navios que viajam entre continentes podem transportar espécies marinhas em seus tanques. Microrganismos e até peixes de 30 centímetros são levados juntos.
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Casos como a introdução do mexilhão-dourado no Brasil demonstram o perigo. Essas espécies invasoras competem com a fauna local, podendo desequilibrar ecossistemas inteiros. O coral-sol, por exemplo, reduz a disponibilidade de algas para espécies nativas.
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Além dos danos ecológicos, há riscos à saúde pública. A Anvisa já registrou casos de cólera transmitidos pela água de lastro, incluindo um surto com 400 infectados no Paraná. Por isso, portos como Santos agora exigem laudos de segurança biológica.
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