Quem foi Goebbels, o ministro nazista citado por Roberto Alvim

Alemão foi um dos conselheiros mais fortes e leais no governo Hitler

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 14:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Pouco conhecido do público, o nome de Paul Joseph Goebbels, ex-ministro nazista, virou notícia após o ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, publicar um vídeo nas redes sociais descrevendo as diretrizes da cultura brasileira. Exonerado do cargo nesta sexta-feira (17), Alvim emulou um famoso discurso do alemão durante sua fala.

A frase em questão foi uma que Goebbels disse, na década de 30. "A cultura alemã da próxima década será heróica, romântica, objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grandes padrões e é imperativa e vinculante, ou então não será nada”.

90 anos depois, o discurso voltou a ser entoado, com algumas adaptações, por Alvim. “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e igualmente imperativa, posto que profundamente vinculado a aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada".

O homem citado por Alvim foi o grande responsável pela propaganda do regime Nazista, que matou entre 5 e 6 milhões apenas nos campos de concentação, que reuniam judeus, homossexuais, ciganos, comunistas, anarquistas e sindicalistas. 

Goebbels chefiava o Ministério da Informação e Propaganda na Alemanha e era considerado um dos braços direitos do Fürher, tanto que, em seu testamento, Hitler o apontou como próximo líder alemão - posto que ocupou apenas por um dia, pois também se matou juntamente com a mulher, após ter assassinado os seis filhos.

Nascido em 1987, em uma família católica da pequena burguesia, Paul Joseph Goebbels sofreu bullying na infância por conta de seu porte físico frágil. Mais velho, tentou alistar-se no serviço militar, mas foi recusado.

Sem sucesso no exército, resolveu dedicar-se a carreira acadêmica. Estudou filologia alemã, onde começou a desenvolver pensamentos de extrema direita. Depois de se doutorar e tentar carreira como escritor, aderiu ao NSDAP (Partido Nacional-Socialista do Trabalhador Alemão), o Partido Nazista, em 1925. 

Dentro do movimento ganhou notoriedade rapidamente e já ano seguinte foi nomeado presidente do partido na região de Berlim e, um ano mais tarde, fundou a revista nacional-socialista Der Angriff (O Ataque). Em 1928 passou a pertencer ao Reichstag (Parlamento alemão).

Observando seu talento para a área da propaganda, Hitler o nomeou chefe deste departamento no partido Nazista em 1930. A eficaz divulgação da mensagem e pensamentos da ideologia de extrema direita permitiu a Goebbels contribuir para o êxito do movimento em sua trajetória para tomar o poder, em 1933, e para a aceitação do regime.

É de autoria de Goebbels algumas famosas frases como "Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade", "Será minha ambição não descansar nem repousar até que o último judeu tenha saído de Berlim", e "A propaganda deve limitar-se a um pequeno número de ideias e repeti-las incansavelmente, apresentando-as repetidas vezes a partir de perspectivas diferentes, mas sempre convergindo para o mesmo conceito. Sem fissuras ou dúvidas".

Ministro da Informação e Propaganda e presidente da Câmara de Cultura, ele obrigou os meios de comunicação social e as instituições culturais a difundir o ideal nazista. Manipulou a opinião pública valendo-se de demagogia, organizou o culto ao Führer e fez do antissemitismo doutrina de Estado.

Além disso, Goebbels também estimulou a realização de diversos crimes de intolerância pelos nazistas, como a "Noite dos Cristais", em que foram destruídas sinagogas, casas e lojas de judeus, em 1938. Em consequência da derrota na batalha de Stalingrado, em 1943, ele mobilizou o povo alemão para uma "guerra total" em um discurso no Palácio dos Desportos. 

Já no fim de sua vida, devido ao atentado frustrado contra Hitler no dia 20 de julho de 1944, Goebbels recebeu amplos poderes para desencadear a guerra total.