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Agência Correio
Publicado em 11 de outubro de 2025 às 16:00
A saúde mental no esporte vem se mostrando um desafio crítico: estudo da PUC do Rio Grande do Sul, em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), aponta que 41% dos atletas de alto rendimento no país enfrentam algum tipo de transtorno psicológico. >
Rebeca Andrade
Entre os problemas mais comuns estão insônia, depressão, ansiedade e uso de álcool, demonstrando que o cuidado com a mente deve ter a mesma prioridade que o preparo físico. >
Além disso, o levantamento evidencia que muitos clubes ainda não possuem suporte psicológico estruturado. Especialistas reforçam que o acompanhamento da saúde mental deveria começar já nas categorias de base, prevenindo problemas futuros e garantindo o bem-estar dos atletas ao longo de toda a carreira.>
Angústia, tristeza, ansiedade e depressão
Segundo o estudo, 23% dos atletas relatam dificuldade para dormir, 14,6% convivem com episódios de depressão e 13,5% sofrem com ansiedade. Outros problemas identificados incluem o uso de álcool (15%) e drogas (5%). Esses dados mostram que, além das exigências físicas e de desempenho, os atletas lidam com impactos significativos em sua saúde mental.>
Os transtornos alimentares também aparecem com relevância, evidenciando a complexa relação entre corpo, imagem, alimentação e desempenho esportivo. Esses problemas vão muito além de estresse momentâneo, afetando sono, hábitos, equilíbrio emocional e até o uso de substâncias, impactando diretamente rendimento e qualidade de vida.>
A pesquisa revela que seis dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro não contam com departamento de psicologia. Isso deixa os atletas vulneráveis a pressões externas, lesões e oscilações de desempenho sem acompanhamento profissional para gerenciar ansiedade, frustrações e desmotivação.>
Psicólogos esportivos reforçam que a assistência deve ser contínua, desde as categorias de base, para fortalecer resiliência, autoestima e capacidade de lidar com obstáculos. Sem esse suporte, há maior risco de agravamento dos transtornos mentais, prejudicando tanto a carreira quanto a vida pessoal dos atletas.>
Entre as ações de destaque, Raphael Veiga utilizou o número “188” — telefone do Centro de Valorização da Vida (CVV) — em partida do Brasileirão para alertar sobre a importância da saúde mental. A iniciativa teve grande repercussão, alcançando torcedores, mídia e redes sociais, e reforçou a visibilidade da causa.>
Em clubes de base, psicólogos promovem atividades coletivas para desenvolver habilidades socioemocionais, preparando jovens atletas para lidar com pressão, frustração e incertezas. O objetivo é formar não apenas atletas tecnicamente qualificados, mas também emocionalmente preparados.>
A falta de suporte psicológico consistente pode gerar efeitos prolongados: distúrbios do sono, depressão, ansiedade, dependência de substâncias e transtornos alimentares tendem a se perpetuar sem tratamento adequado. Para o atleta, isso afeta tanto a performance quanto a vida pessoal, prejudicando relacionamentos e recuperação física.>
Especialistas ressaltam que a saúde mental deve ser prioridade permanente, incorporada à rotina do atleta e dos clubes. Ações como acompanhamento psicológico contínuo, práticas de relaxamento, metas realistas e preparo emocional são essenciais para manter equilíbrio, rendimento e qualidade de vida.>