Trabalhadores descobrem que estão 'mortos' ao terem auxílio emergencial negado

Solicitantes passaram horas na fila para tentar reverter situação mas até agora não conseguiram

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  • Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2020 às 08:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Alguns trabalhadores informais de São Paulo tiveram uma surpresa ao verem o resultado da solicitação do auxílio emergencial de R$ 600. Apesar de vivos o bastante para preencher todos os dados, a Caixa Econômica Federal negou o benefício alegando que os solicitantes estão mortos.

Segundo o G1, foram ao menos três casos deste tipo. "Vivinhos da Silva", eles tiveram que se expor ao risco do novo coronavírus, enfrentando filas enormes para tentar corrigir o erro, mas até o momento não conseguiram ressuscitar aos olhos do governo.

É o caso da depiladora Jaucira Pereira - moradora de Ferraz Vasconcelos, interior de São Paulo. Ela tenta conseguir o benefício desde o início de março, quando parou de atender suas clientes.

“Tentei várias vezes e na última vez apareceu que eu estava morta. Fui na Caixa para resolver e eles me mandaram procurar o Dataprev. Eu ligo todo dia para o Dataprev mas ninguém me atende. Estou conseguindo comer por causa da ajuda dos meus irmãos, mas preciso comprar remédios porque tenho glaucoma”, afirmou Jaucira ao portal.

Dataprev é a instituição do governo federal responsável por verificar se o cidadão cumpre todas as exigências previstas na lei. O órgão faz parte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

No mesmo barco de Jaucira está Valdeci da Silva, de 60 anos. Ele mora na capital paulista onde tem um pequeno bar. Sem renda, solicitou o auxílio, e teve como resposta que havia falecido. Para tentar resolver a situação, Valdeci, que tem diabetes e pressão alta - grupo de risco para a Covid-19 - se arriscou durante duas horas em uma fila da Caixa. 

"Você pega uma fila maior do mundo e não tem uma pessoa para explicar", lamenta.

Ao ser atendido, lhe foi recomendado que fosse ao Correio. Lá, consultaram seus documentos, falaram que estavam regulares, e que deveria voltar ao banco. Ao ir à Caixa mais uma vez, também não conseguiu descobrir porque seu CPF estava registrado como falecido, e o falaram para consultar a Dataprev.

Procurada pelo G1, a Caixa disse que a responsabilidade pela análise de quem tem o direito ao Auxílio Emergencial é da Dataprev e que o papel da Caixa é o pagamento do benefício. "Se o resultado for 'benefício não aprovado', o cidadão poderá contestar o motivo da não aprovação ou realizar a correção de dados por meio de nova solicitação", informou o banco.

A Dataprev, responsável por identificar quem tem direito a receber o auxílio, disse que usa bases de dados alimentadas por cartórios do país. A instituição disse que, ao registrar o óbito de algum parente, os trabalhadores podem ter fornecido o próprio CPF em vez do documento do falecido. 

"Sugerimos que os requerentes se dirijam aos cartórios, onde registraram certidão de óbito na família para verificar se o CPF não foi inserido erroneamente no documento", aponta.