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Agência Correio
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 06:00
A tendência para vícios pode ser genética, segundo cientistas, e essa descoberta tem ampliado os debates sobre a forma como compreendemos a dependência. >
Cigarro, bebida e jogos são vícios
Pesquisadores apontam que fatores hereditários podem aumentar a vulnerabilidade de uma pessoa a desenvolver comportamentos aditivos, como uso abusivo de álcool, drogas, jogos ou até compulsões ligadas à tecnologia. Essa visão não elimina a influência do ambiente, mas sugere que a predisposição pode estar enraizada no DNA de cada indivíduo. >
O assunto é considerado delicado porque durante muito tempo o vício foi tratado apenas como uma escolha ou falta de disciplina. No entanto, ao trazer a genética para o centro da discussão, os cientistas mostram que a dependência deve ser entendida como uma condição complexa, que combina predisposição biológica, contexto social e experiências individuais. >
Isso muda também a maneira como famílias, médicos e a sociedade lidam com a prevenção e o tratamento. >
Pesquisas recentes têm mostrado que determinados genes estão relacionados à forma como o cérebro processa a sensação de prazer e recompensa. >
Essas variações genéticas podem tornar algumas pessoas mais sensíveis ao efeito de substâncias químicas ou comportamentos que liberam dopamina em excesso, facilitando a repetição do hábito. Dessa forma, a vulnerabilidade ao vício pode ser herdada, mas não se manifesta de maneira igual em todos os indivíduos.>
Outro ponto importante é que o fator genético não funciona de forma isolada. O ambiente social, as relações familiares e as pressões do dia a dia atuam como gatilhos que podem ativar ou não essa predisposição. >
Assim, compreender a interação entre herança biológica e experiências de vida ajuda a esclarecer por que algumas pessoas desenvolvem dependência enquanto outras, expostas às mesmas situações, não.>
Ao trazer a genética para a equação, os cientistas reforçam que o vício deve ser analisado de maneira multidimensional. Isso significa que, além da predisposição hereditária, entram em jogo fatores como estresse, traumas, influências sociais e até questões culturais. Essa combinação torna cada caso único e exige abordagens específicas de tratamento.>
Com esse novo entendimento, médicos e psicólogos podem buscar estratégias que unam diferentes áreas, desde a genética até a terapia comportamental, passando por mudanças de estilo de vida. Esse olhar mais abrangente ajuda a combater preconceitos e a promover soluções mais eficazes para quem enfrenta a dependência.>
A noção de que a tendência para vícios pode estar nos genes não deve gerar fatalismo, mas sim fortalecer a importância da prevenção. Se um indivíduo sabe que possui histórico familiar de dependência, ele pode adotar práticas de autocuidado e evitar situações de risco. Isso inclui desde o acompanhamento médico preventivo até escolhas mais conscientes em relação ao consumo de substâncias.>
Além disso, políticas públicas voltadas à educação e à informação ganham um papel ainda mais relevante. Quanto mais cedo as pessoas tiverem acesso a dados científicos sobre a predisposição genética, maiores são as chances de se construir uma cultura de prevenção e apoio, reduzindo os impactos do vício na sociedade.>
Com os avanços da ciência, abre-se a possibilidade de tratamentos cada vez mais personalizados. Estudos sobre genética podem ajudar a identificar quais terapias funcionam melhor para determinados perfis biológicos, tornando a recuperação mais eficaz e diminuindo as chances de recaída.>
Essa abordagem personalizada também pode incluir medicamentos que atuam diretamente nos mecanismos cerebrais ligados à dependência, aliados a terapias de apoio psicológico e social. O objetivo é oferecer uma recuperação mais completa, que leve em conta tanto a biologia quanto o contexto de vida da pessoa, promovendo mais qualidade de vida e inclusão social.>